Crianças sírias caminham sob a chuva no campo de refugiados de Boynuyogun, na fronteira entre a Síria e Turquia. O número de crianças sírias forçadas a fugir do país devastado por uma guerra civil atingiu um milhão nesta sexta-feira, metade de todos os refugiados expulsos pelo conflito, disse a ONU. 8/02/2012.
Foto: Murad Sezer / Reuters
Dez anos depois da decisão de George W. Bush de invadir o Iraque sem um mandato do Conselho de Segurança, o presidente americano Barack Obama se prepara para bombardear a Síria sem um aval da ONU, mas destacando que a situação é diferente.
Ante a falta de um acordo no Conselho, a operação na Síria - que parece iminente - deverá ser liderada por uma "coalizão de voluntários", como a que derrubou Saddam Hussein.
A Rússia, principal aliado de Damasco, não hesita em destacar as semelhanças e recordar que a invasão de 2003 foi baseada em informações falsas sobre a presença de armas de destruição em massa no Iraque, mas americanos e europeus afirmam de maneira cada vez mais enfática que as tropas de Bashar al-Assad executaram um ataque químico contra os subúrbios de Damasco em 21 de agosto.
O secretário de Estado americano, John Kerry, que criticou a pressa de Bush para iniciar uma guerra no Iraque, chamou de "moralmente indecente" o suposto uso de gases tóxicos contra a população síria.
"Desta vez é realmente diferente", afirma Richard Gowan, da Universidade de Nova York. "Apenas um partidário ferrenho da teoria da conspiração pode pensar que Obama deseja chegar a este ponto, enquanto o governo de Bush tinha realmente o desejo de invadir o Iraque em 2003".
Há 10 anos, Alemanha e França foram contrários à operação militar, que recebeu o apoio do Reino Unido. Desta vez, as principais potências europeias concordam com uma intervenção.
Mas lançar alguns mísseis de cruzeiro será uma tarefa muito mais fácil que obter um consenso no Conselho de Segurança para terminar com uma guerra que já matou mais de 100.000 pessoas desde o início, em março de 2011. Rússia e China vetaram três resoluções propostas pelos países ocidentais para pressionar a Assad.
"Moscou e Pequim condenarão sem dúvida qualquer ação militar, mas Washington está convencido de que está moralmente justificado atuar contra Damasco. A prudência demonstrada por Obama até agora deveria ajudá-lo a justificar sua causa", explica Gowan.
Em 2002, George W. Bush acusou Iraque, Irã e Coreia do Norte de fazerem parte do Eixo do Mal
Foto: AFP
"O Conselho de Segurança não pode ser o único fiador do que é legal e do que é legítimo", opina Richard Haas, presidente do Conselho das Relações Exteriores e ex-diplomata americano.
"Seria permitir a um país como a Rússia ter o domínio das leis internacionais e, mais amplamente, sobre as relações internacionais". Para Haas, o governo dos Estados Unidos não pode permitir esta situação.
Washinton "busca um equilíbrio" entre uma ação militar suficientemente forte "para impor a ideia de que realmente existem linhas vermelhas que não podem ser cruzadas", mas não muito forte ou longa "para que os Estados Unidos não virem um protagonista desta guerra civil", destaca Haas.
Estados Unidos e seus aliados evitaram a ONU e se apoiaram na Otan para bombardear a Sérvia em 1999 e, segundo Haas, "poderiam demonstrar um certo multilateralismo" e respaldar-se na Organização do Tratado do Atlântico Norte ou nos Estados árabes contrários a Assad.
Desta forma, dezenas de países poderiam unir-se para criar uma "coalizão de voluntários".
Mas alguns governos continuam prudentes a respeito da iminente intervenção. Para o ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bilt, é necessário ir ao Conselho de Segurança, ao mesmo tempo que é importante que os inspetores da ONU - atualmente na Síria - possam apresentar o relatório sobre as investigações a respeito do suposto ataque químico.
"Gostaria de ver uma prova real, de uma forma ou outra, de que foram usadas armas químicas", afirmou um embaixador na ONU de um país aliado dos Estados Unidos, que pediu anonimato.
Obama, adverte Gowan, "perceberá que o apoio internacional a uma operação diminuirá rapidamente se passar de uma ação limitada de castigo, relacionada com as armas químicas, a uma tentativa de derrubar o regime sírio".
Menino vítima de ataque com armas químicas recebe oxigênio
Foto: Reuters
Menina é atendida em hospital improvisado após o ataque
Foto: AP
Homens recebem socorro após o ataque com arma químicas, relatado pela oposição e ativistas
Foto: AP
Mulher que, segundo a oposição, foi morta em ataque com gases tóxicos
Foto: AFP
Homens e bebês, lado a lado, entre as vítimas do massacre
Foto: AFP
Corpos são enfileirados no subúrbio de Damasco
Foto: AFP
Muitas crianças estão entre as vítimas, de acordo com imagens divulgadas pela oposição ao regime de Assad
Foto: AP
Corpos das vítimas, reunidos após o ataque químico
Foto: AP
Imagens divulgadas pela oposição mostram corpos de vítimas, muitas delas crianças, espalhados pelo chão
Foto: AFP
Meninas que sobreviveram ao ataque com gás tóxico recebem atendimento em uma mesquita
Foto: Reuters
Ainda em desespero, crianças que escaparam da morte são atendidas em mesquita no bairro de Duma
Foto: Reuters
Menino chora após o ataque que, segundo a oposição, deixou centenas de mortos em Damasco
Foto: Reuters
Após o ataque com armas químicas, homem corre com criança nos braços
Foto: Reuters
Criança recebe atendimento em um hospital improvisado
Foto: Reuters
Foto do Comitê Local de Arbeen, órgão da oposição síria, mostra homem e mulher chorando sobre corpos de vítimas do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Nesta fotografia do Comitê Local de Arbeen, cidadãos sírios tentam identificar os mortos do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Homens esperam por atendimento após o suposto ataque químico das forças de segurança da Síria na cidade de Douma, na periferia de Damasco; a fotografia é do escrtitório de comunicação de Douma
Foto: Media Office Of Douma City / AP
"Eu estou viva", grita uma menina síria em um local não identificado na periferia de Damasco; a imagem foi retirada de um vídeo da oposição síria que documenta aquilo que está sendo denunciado pelos rebeldes como um ataque químico das forças de segurança da Síria assadista
Foto: YOUTUBE / ARBEEN UNIFIED PRESS OFFICE / AFP
Nesta imagem da Shaam News Network, órgão de comunicação da oposição síria, uma pessoa não identificada mostra os olhos de uma criança morta após o suposto ataque químico de tropas leais ao Exército sírio em um necrotério improvisado na periferia de Damasco; a fotografia, de baixa qualidade, mostra o que seria a pupila dilatada da vítima
Foto: HO / SHAAM NEWS NETWORK / AFP
Rebeldes sírios enterram vítimas do suposto ataque com armas químicas contra os oposicionistas na periferia de Damasco; a fotografia e sua informação é do Comitê Local de Arbeen, um órgão opositor, e não pode ser confirmada de modo independente neste novo episódio da guerra civil síria
Foto: YOUTUBE / LOCAL COMMITTEE OF ARBEEN / AFP
Agências internacionais registraram que a região ficou vazia no decorrer da quarta-feira
Foto: Reuters
Mais de mil pessoas podem ter morrido no ataque químico, segundo opositores do regime de Bashar al-Assad
Foto: Reuters
Cão morto é visto em meio a prédios de Ain Tarma
Foto: Reuters
Homens usam máscara para se proteger de possíveis gases químicos ao se aventurarem por rua da área de Ain Tarma
Foto: Reuters
Imagem mostra a área de Ain Tarma, no subúrbio de Damasco, deserta após o ataque químico que deixou centenas de mortos na quarta-feira. Opositores do governo sírio denunciaram que forças realizaram um ataque químico que matou homens, mulheres e crianças enquanto dormiam
Foto: Reuters
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