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Mundo

OMS encerra missão na China sem determinar origem da Covid-19

Washington e Pequim voltaram a trocar acusações

10 fev 2021 - 11h44
(atualizado às 11h56)
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A missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que foi à China para tentar entender a origem da pandemia de Covid-19 terminou seu inquérito nesta quarta-feira (10) sem um resultado conclusivo sobre o assunto.

Equipe da OMS passou duas semanas em Wuhan investigando origem da pandemia de Covid-19
Equipe da OMS passou duas semanas em Wuhan investigando origem da pandemia de Covid-19
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Durante uma coletiva de imprensa, o grupo apresentou seus resultados preliminares que mantiveram os anúncios dados durante as últimas duas semanas, de que o vírus tem origem animal e de que ele pode ter "cruzado a fronteira" antes de chegar à cidade de Wuhan, considerada o "marco zero" da crise sanitária do coronavírus Sars-CoV-2.

Além disso, o líder do grupo, Peter Embarek, voltou a afirmar que o vírus não "vazou" de um laboratório e que a hipótese de que ele tenha sido transmitido por morcegos ainda se mantém - apesar de não se saber como isso teria ocorrido. Outro ponto que ainda está sendo mantido é o fato de que o Sars-CoV-2 pode ter chegado através de alimentos congelados à China de algum outro lugar do mundo.

No entanto, após a coletiva, o que marcou o dia foi a nova troca de acusações entre chineses e norte-americanos - com os últimos dizendo que querem fazer uma investigação "independente" nos dados da comissão.

Até mesmo o especialista e membro da equipe da OMS Peter Daszak, que chegou a ser criticado por representantes dos EUA de integrar a missão, "aconselhou" o presidente Joe Biden a não confiar nas informações que recebe do seu próprio governo.

"Não confie muito nos serviços de Inteligência norte-americanos: cada vez mais desvinculado durante o período [Donald] Trump e, francamente, errando em muitos aspectos", escreveu Daszak em sua conta no Twitter.

O representante ainda afirmou que a comissão trabalhou "a todo vapor e no mais pesado ambiente político possível". Isso porque se de um lado os Estados Unidos cobravam uma investigação completa - do outro os chineses ficavam questionando a todo tempo se a missão era científica ou política.

Esquentando ainda mais o clima de tensão, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, acusou Pequim de "até agora" não ser transparente sobre a origem da Covid-19.

"Claramente os chineses, até agora, não ofereceram a necessária transparência da qual nós e a comunidade internacional precisamos de maneira que possamos impedir que esse tipo de pandemia aconteçam novamente", disse Price.

Por sua vez, um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, ironizou a fala dos norte-americanos e afirmou que são eles quem precisam "manter um comportamento aberto, transparente e científico, convidando os especialistas da OMS a conduzir estudos sobre a origem" do vírus nos EUA.

Conforme Wenbin, os trabalhos recém-completados na China "são apenas uma parte" da investigação global porque a pesquisa de rastreamento "é uma questão científica complexa e deve ser conduzida por cientistas de nível global".

A China foi o primeiro país a informar sobre uma "pneumonia anormal" no fim de dezembro de 2019, sendo que a cidade de Wuhan foi a primeira no mundo a ter um lockdown total. Os chineses são acusados de omitirem informações no início da crise sanitária por diversos países e, especialmente, pelo ex-presidente Donald Trump.

Do seu lado, a China diz que o Sars-CoV-2 surgiu "ao mesmo tempo" em diversos locais do mundo e que seu país foi apenas o primeiro a detectá-lo. A afirmação é baseada no fato de que países europeus e das Américas já relataram ter encontrado o coronavírus em pacientes meses antes da notificação de Pequim. .

Ansa - Brasil   
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