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Novo museu do Holocausto da Hungria divide judeus devido a "falsificação"

19 out 2018 - 12h27
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Um novo museu do Holocausto sendo planejado em Budapeste tem dividido a comunidade judia da Hungria e causou um temor mundial de que a instalação minimizará o papel dos húngaros na perseguição e deportação de judeus durante a guerra.

Novo museu do Holocausto em Budapeste, Hungria 15/10/2018 REUTERS/Bernadett Szabo
Novo museu do Holocausto em Budapeste, Hungria 15/10/2018 REUTERS/Bernadett Szabo
Foto: Reuters

O governo de direita do primeiro-ministro, Viktor Orban, pretende inaugurar o museu no ano que vem para lembrar o 75º aniversário da deportação de judeus húngaros para campos de extermínio na Polônia ocupada pelos alemães. Mais de meio milhão de judeus húngaros estavam entre os seis milhões de judeus assassinados na Europa durante o Holocausto.

Em um decreto de 7 de setembro, o governo concedeu a posse do novo museu, que se chama Casa dos Destinos, à Congregação Unificada dos Judeus Húngaros (EMIH), um dos três grupos judeus registrados no país.

A exibição permanente, que deve ser montada pelo EMIH com ajuda do governo e instalada em uma antiga estação ferroviária, se baseará no projeto da historiadora Maria Schmidt, que é aliada de Orban e proprietária de um semanário pró-governo.

Ela usará histórias pessoais para retratar o período de 1938 a 1948 na Hungria, com ênfase nas crianças, e também terá mostras temporárias e programas educativos.

Mas o projeto, anunciado em 2014, recebeu críticas do Yad Vashem, o Centro Mundial de Lembrança do Holocausto, sediado em Israel.

"O projeto do museu evita claramente tratar do papel e da responsabilidade de... líderes húngaros daquela era pelo sofrimento dos judeus da nação e seu eventual abandono nas mãos da Alemanha nazista", disse Robert Rozett, diretor de bibliotecas do Yad Vashem, em um comunicado no mês passado.

A entidade também quer fazer vista grossa ao papel dos cidadãos húngaros comuns, afirmou ele. "Fica implícito que a Hungria era na verdade uma nação de salvadores. Esta é uma falsificação grave da história."

O chefe do EMIH, rabino Slomo Koves, disse que o museu está aberto a sugestões de terceiros, inclusive o Yad Vashem, acrescentando que só cerca de metade do projeto está finalizado.

Koves disse que quer oferecer aos visitantes jovens "uma relação emotiva com a história" juntamente com todo o contexto relevante.

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