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Militares da Nigéria arrasam vilarejos em meio a guerra com rebeldes islâmicos

14 fev 2020 - 14h34
(atualizado às 16h22)
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Militares da Nigéria incendiaram vilarejos e expulsaram centenas de pessoas em meio à sua luta contra insurgentes islâmicos no nordeste do país, alegou o grupo de direitos humanos Anistia Internacional nesta sexta-feira.

16/02/2019
REUTERS/Afolabi Sotunde
16/02/2019 REUTERS/Afolabi Sotunde
Foto: Reuters

Os militares nigerianos, que são acusados frequentemente de abusos de direitos humanos em sua luta de décadas contra o Boko Haram, e mais recentemente a filial do Estado Islâmico na África Ocidental, disseram em um comunicado que o relatório da Anistia foi falsificado.

Três moradores entrevistados pela Reuters confirmaram as conclusões da Anistia.

Alegações anteriores provocaram investigações do Tribunal Penal Internacional de Haia e prejudicaram as compras de armas da Nigéria, um motivo de frustração para seus líderes militares - mas as condenações de soldados têm sido raras, e os militares insistem em negar irregularidades.

Nas alegações mais recentes, a Anistia disse que soldados nigerianos arrasaram três vilarejos depois de forçarem centenas de homens e mulheres a abandonarem as casas em Borno, um Estado do nordeste do país, em janeiro.

O grupo de direitos humanos disse que entrevistou 12 vítimas e analisou imagens de satélites que mostraram vários incêndios grandes na área e quase todas as estruturas destruídas.

Segundo os moradores, os soldados foram de casa em casa e retiraram as pessoas, fazendo-as caminhar até uma rua importante e depois subir em caminhões, disse a entidade.

"Vimos nossas casas pegarem fogo", disse uma mulher de cerca de 70 anos à Anistia. "Todos nós começamos a chorar."

Os caminhões levaram mais de 400 pessoas a um campo de deslocados do conflito em Maiduguri, a principal cidade da região.

"Estes atos descarados de arrasar vilarejos inteiros, de destruir casas de civis deliberadamente e de deslocar seus habitantes à força sem nenhum imperativo militar deveriam ser investigados como possíveis crimes de guerra", disse Osai Ojigho, diretor da Anistia Internacional Nigéria, no comunicado desta sexta-feira que detalhou a investigação do grupo.

Soldados também detiveram seis homens, espancando alguns deles, e os mantiveram durante quase um mês antes de soltá-los sem acusações em 30 de janeiro, disse a Anistia.

A entidade citou declarações do Exército nigeriano da época, segundo as quais seis suspeitos do Boko Haram foram capturados e centenas de cativos foram libertados dos militantes.

"Eles dizem que nos salvaram do Boko Haram, mas é mentira", disse um homem de cerca de 65 anos, de acordo com a Anistia. "O Boko Haram não está vindo ao nosso vilarejo."

Um porta-voz militar negou as acusações em um comunicado emitido nesta sexta-feira.

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