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Lula diz que é grave exclusão de candidata nas eleições venezuelanas e reafirma críticas ao processo

28 mar 2024 - 18h36
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que é grave o fato de Corina Yoris, candidata de oposição na Venezuela, não ter podido se registrar para as próximas eleições, reafirmando a crítica feita pelo governo brasileiro na última terça-feira em uma nota do Itamaraty.

Lula elogiou o fato de María Corina Machado, candidata original, ter indicado alguém para substituí-la, e comparou com seu caso em 2018, mas criticou a situação de Yoris.

"É grave que a candidata não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça. Foi uma coisa que causou prejuízo a uma candidata", disse Lula ao ser questionado sobre o caso durante conferência de imprensa ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, em Brasília.

Na terça-feira, depois que Yoris não conseguiu fazer seu registro como representante da Plataforma Democrática, grupo de oposição, o governo brasileiro divulgou uma nota em que manifestava preocupação com o andamento das eleições venezuelanos e afirmava que o Acordo de Barbados estava em risco.

O acordo, negociado no ano passado com a participação de diversos países, inclusive o Brasil, estabelecia metas que a Venezuela precisa cumprir para ter eleições livres, em troca da suspensão de sanções impostas pelos Estados Unidos.

A suspensão de María Corina Machado, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, desagradou os países fiadores mas era dada como inevitável no atual clima no país. O bloqueio de sua substituta, no entanto, cruzou uma linha perigosa na avaliação do governo brasileiro.

Lula lembrou que teve uma longa conversa com Maduro durante a última reunião da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em que falou da necessidade de que as eleições na Venezuela fossem de fato democráticas.

"Eu disse que a coisa mais importante para restaurar a normalidade na Venezuela era não ter problemas nas eleições, que as eleições acontecessem da forma mais democrática possível. É o mais importante para a Venezuela voltar para o mundo com normalidade", lembrou.

A nota do governo brasileiro foi duramente criticada pelos venezuelanos, que acusaram "servidores do Itamaraty" de serem responsáveis pelo texto e fazerem "ingerências" na política interna da Venezuela, além de copiarem posições norte-americanas.

O texto, no entanto, foi aprovado por Lula antes de ser publicado. Em uma reunião na segunda à tarde o próprio presidente decidiu que seria necessário uma resposta dura à Venezuela. Auxiliares palacianos ainda tentaram contato com o governo de Nicolás Maduro para avisar que o Brasil faria críticas públicas ao processo, mas não foram atendidos, contou uma fonte.

"Eu acho que se as eleições não forem democráticas, o Brasil vai assistir pela televisão, porque eu não quero nada melhor ou pior, eu quero eleições como são feitas no Brasil, em que todos podem participar. Qualquer um que queira participar, participa. Quem perde chora, quem ganha ri, e a democracia continua."

O presidente francês, ao lado de Lula, afirmou que concordava integralmente com a posição do brasileiro e elogiou seu papel durante o processo venezuelano. A França é um dos países que participou das negociações com os venezuelanos.

"O quadro que se apresenta dessas eleições não pode ser considerado democrático. Nós faremos tudo que pudermos para convencer o presidente Maduro para reintegrar todos os candidatos e ter eleições mais transparentes. Não vamos entrar em pânico, mas a situação é séria e piorou com as últimas decisões", afirmou Macron.

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