UE se prepara para guerra comercial com Trump e segundo analistas precisa demonstrar força
A oito dias da entrada em vigor das tarifas adicionais de 30% pelos Estados Unidos sobre os produtos europeus, os 27 países que integram a União Europeia (UE) temem o fracasso das negociações com Washington e já preparam possíveis retaliações. O ministro francês da Indústria, Marc Ferracci, reúne-se nesta terça-feira (22) com representantes de todos os setores produtivos do país para fortalecer a posição francesa nesta reta final das negociações com Donald Trump.
A oito dias da entrada em vigor das tarifas adicionais de 30% pelos Estados Unidos sobre os produtos europeus, os 27 países que integram a União Europeia (UE) temem o fracasso das negociações com Washington e já preparam possíveis retaliações. O ministro francês da Indústria, Marc Ferracci, reúne-se nesta terça-feira (22) com representantes de todos os setores produtivos do país para fortalecer a posição francesa nesta reta final das negociações com Donald Trump.
Assim como o Brasil, agora a Europa se prepara para a guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump e precisa demonstrar força.
"Se a Europa demonstrar fraqueza diante de Trump, será devorada", alerta Enrico Letta, ex-primeiro-ministro italiano, em entrevista ao jornal francês Les Echos sobre a aplicação de novas tarifas. O atual presidente do Instituto Jacques Delors acredita que "as negociações comerciais com os Estados Unidos são essenciais para a UE, porque enviam uma mensagem ao resto do mundo".
Ao atacar a UE no comércio, Trump mira no coração da Europa, afirma Enrico Letta. "Ele quer dividir os europeus para reforçar a estratégia de poder dos Estados Unidos", analisa.
O presidente americano enviou cartas ameaçando com tarifas adicionais 25 países, entre eles o Brasil, que terá taxas de 50%. O jornal Les Echos analisa a estratégia do presidente americano. Para o diário econômico, Trump impõe aos parceiros comerciais um acordo em forma de capitulação e trata com mais firmeza seus aliados do que a China, apesar de ter atacado duramente Pequim durante a sua campanha.
"O presidente americano trata Narendra Modi, Vladimir Putin e Xi Jinping de forma diferente da maneira como trata a Europa", diz Letta, destacando que a atitude de Trump é imprevisível e baseada no equilíbrio de poder. "Ele é fraco com os poderosos e forte com os fracos", compara.
"Se quisermos criar um verdadeiro equilíbrio de poder com os Estados Unidos, então as verdadeiras medidas retaliatórias, na minha opinião, devem afetar as finanças e também a tecnologia digital", propõe.
Neste momento de adversidade, a melhor estratégia é a união de forças, aconselha Les Echos. Porém, o jornal econômico acredita que encontrar um denominador comum será uma façanha devido às posições ainda muito divergentes entre setores como o aeronáutico, o setor do luxo, dos eletrônicos e bens de capital, entre outros.
O jornal conservador Le Figaro destaca que cresce em Bruxelas o ceticismo quanto à possibilidade de um acordo. A UE considera o tarifaço uma imposição e não uma negociação e, pela primeira vez na história, avalia ativar, como retaliação, o Mecanismo de Anticoerção Europeu, taxando serviços, principalmente das áreas de tecnologia e finanças dos Estados Unidos, e bloqueando certos investimentos, entre outras medidas.
A França lidera a linha dura, enquanto países como Irlanda, Hungria e Itália preferem evitar o confronto. A posição da Alemanha — historicamente mais conciliadora — começa a mudar, especialmente após perceber que nem o setor automotivo alemão foi poupado por Trump. O risco de tarifas sobre produtos farmacêuticos também preocupa.
A UE já tem preparadas listas de retaliação de produtos americanos importados que seriam sobretaxados. A primeira delas equivale a € 21 bilhões. A tensão aumenta e para muitos diplomatas é melhor enfrentar o conflito agora do que aceitar um mau acordo depois de 1ºde agosto, relata Le Figaro.