"Não é um assédio aleatório", diz presidente da Comissão Europeia sobre guerra híbrida com a Rússia
A Europa "deve reagir" à "guerra híbrida" fomentada pela Rússia, declarou nesta quarta-feira (8) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Segundo a representante europeia, "algo novo e perigoso" está acontecendo no céu do continente.
A Europa "deve reagir" à "guerra híbrida" fomentada pela Rússia, declarou nesta quarta-feira (8) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Segundo a representante europeia, "algo novo e perigoso" está acontecendo no céu do continente.
"Não se trata de um assédio aleatório", afirmou, em discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. "Trata-se de uma campanha coerente e crescente com o objetivo de desestabilizar nossos cidadãos, testar nossa determinação, dividir nossa União e enfraquecer nosso apoio à Ucrânia. É hora de dar um nome a isso: trata-se de uma guerra híbrida."
Von der Leyen não acusou diretamente a Rússia de ser responsável por todos os incidentes, mas disse que está claro que o objetivo do país é "semear a divisão" na Europa.
"Combater a guerra híbrida da Rússia não se limita à defesa tradicional", disse a presidente da Comissão. "Isso exige uma mudança de mentalidade de todos nós. Podemos nos esquivar e assistir à escalada das ameaças russas, ou enfrentá-las com união, determinação e firmeza", disse. "Não devemos apenas reagir, devemos dissuadir. Porque, se hesitarmos, a zona cinzenta só vai se expandir", continuou.
A zona cinzenta pode ser equiparada a um estado de guerra não declarado, que inclui sabotagem, espionagem e outros métodos extraoficiais.
Von der Leyen mencionou sobrevoos de drones em locais estratégicos na Bélgica, Polônia, Romênia, Dinamarca e Alemanha, além de cabos submarinos cortados e campanhas na internet para influenciar eleições.
"Não se tratam de atos isolados de assédio", acrescentou. "Dois incidentes podem ser coincidência. Mas três, cinco, dez? Tratam-se de campanhas contra a Europa que se situam na zona cinzenta", reiterou.
Muro antidrones
Von der Leyen voltou a falar sobre a proposta de criação de um "muro antidrones" para proteger o espaço aéreo europeu. A proposta foi lançada há um mês.
A representante europeia pediu a implementação de um sistema acessível para "detecção rápida, interceptação rápida e, se necessário, neutralização rápida", destacando que a Europa tem "muito a aprender com a Ucrânia" em relação a esse tema.
Kiev intercepta quase todas as noites centenas de drones lançados pela Rússia em seu território. É um dos poucos países europeus que fabrica drones antidrones, mais econômicos que mísseis ou aviões de caça.
Alemanha reforma segurança aérea
O ministro do Interior alemão, Alexander Dobrindt (CSU), deve apresentar nesta quarta-feira, no Conselho de Ministros, um projeto de reforma da segurança aérea, que inclui a criação de um centro federal de segurança antidrones.
A Baviera já anunciou medidas para ter o direito de abater drones em seu território, de acordo com o jornal francês Libération. "Precisamos de uma defesa operacional agora, e não daqui a cinco anos", disse Jens Spahn, presidente do grupo parlamentar da União Democrata Cristã (CDU), citado na reportagem.
O cancelamento de dezenas de voos nos dias 3 e 4 de outubro fez o governo alemão se dar conta da vulnerabilidade do país diante da ameaça híbrida. A Alemanha é um dos alvos preferenciais da Rússia, por ser o principal fornecedor de armas à Ucrânia depois dos Estados Unidos.
Uma investigação da revista econômica WirtschaftsWoche revelou que os russos vêm espionando há meses os transportes secretos para a Ucrânia com o uso de drones.
Os sobrevoos se intensificaram em várias regiões da Alemanha, especialmente no norte do país, na fronteira com a Dinamarca, também particularmente visado nas últimas semanas.
Com agências