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Guerra na Ucrânia: Washington propõe plano de paz que prevê cessão de territórios à Rússia

A Ucrânia recebeu nesta quarta-feira (19) uma nova proposta de paz dos Estados Unidos, que retoma várias exigências formuladas por Moscou. Entre as medidas está a cessão de territórios ucranianos controlados pela Rússia.

20 nov 2025 - 06h09
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Nicolas Rocca, da RFI, com agências

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy visita Anitkabir, o mausoléu do fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk, em Ancara, na Turquia, nesta quarta-feira (19).
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy visita Anitkabir, o mausoléu do fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk, em Ancara, na Turquia, nesta quarta-feira (19).
Foto: © Service de presse présidentiel ukrainien / Reuters / RFI

Segundo a imprensa americana, o acordo foi negociado por Steve Witkoff, emissário especial do presidente americano Donald Trump para a Rússia e o Oriente Médio, e contém 28 pontos.

O documento prevê concessões significativas da Ucrânia, como o abandono do Donbass, região no leste do país formada principalmente pelas áreas de Donetsk e Lugansk, que já era palco de conflitos com separatistas pró-Rússia.

"Estamos recebendo sinais de que devemos aceitar esse plano", declarou uma fonte ucraniana. A proposta inclui o "reconhecimento da anexação da Crimeia e de outras regiões tomadas pela Rússia" e "a redução do exército ucraniano para 400 mil soldados".

O plano também prevê a extinção gradual da ajuda americana, com o fim das entregas de armas de longo alcance capazes de atingir território russo.

O texto ainda proíbe o envio de tropas estrangeiras para a Ucrânia e determina que a língua russa se torne oficial no país, além de conceder status legal à Igreja Ortodoxa Russa.

"Não entendemos ainda se esse plano é realmente de Trump ou de pessoas próximas a ele", acrescentou o responsável ucraniano. Segundo a mesma fonte, não está claro quais concessões a Rússia faria em contrapartida.

"Donald Trump reitera as propostas que fez desde o início", afirma Peer de Jong, ex-coronel das tropas da Marinha e vice-presidente do Instituto de Formação Themiis.

Segundo ele, as medidas incluem a consolidação do front, a aceitação da perda do Donbass e da Crimeia e a 'neutralização da Ucrânia'. "Não vejo como os ucranianos devem aceitar a proposta que vem sendo recusada desde o início", observa.

O último encontro presencial entre negociadores russos e ucranianos ocorreu em Istambul, em julho, mas Moscou não fez até agora nenhuma concessão em relação à sua posição inicial.

O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou suas condições em junho de 2024, exigindo que Kiev renuncie à entrada na Otan e retire suas tropas das quatro províncias que Moscou reivindica como parte da Rússia. Até o momento, os russos não deram sinais de que abandonariam essas exigências.

Rússia ocupa cerca de 20% do território ucraniano

Atualmente, a Rússia ocupa cerca de 20% do território ucraniano. Em 2022, além da Crimeia anexada em 2014, o Kremlin declarou a anexação de quatro regiões adicionais: Donetsk e Lugansk, no leste, e Zaporíjia e Kherson, no sul.

As forças russas não controlam totalmente essas áreas. Moscou insiste que Kiev reconheça a perda de soberania sobre essas regiões e retire suas tropas das áreas que ainda controla.

O presidente americano Donald Trump aproximou-se de Vladimir Putin após assumir o cargo no início de 2025. No entanto, ele não conseguiu até agora resultados concretos para avançar rumo à paz e, em outubro, acabou impondo sanções ao setor petrolífero russo.

"É o pior momento para a Ucrânia hoje por causa desse grande escândalo de corrupção que está acontecendo. Volodymyr Zelensky se vê diante de um plano que continua inaceitável para Kiev", afirma Tetyana Ogarkova, chefe do departamento internacional do Ukraine Crisis Media Centre.

"Em nenhum momento a Ucrânia cedeu diante das demandas russas. Agora os Estados Unidos tentam acabar rapidamente com essa guerra, mas às custas da Ucrânia. O país combate há quatro anos, além dos dez anos anteriores de conflito. Não dá para aceitar isso. Seria uma derrota, e a maioria da população ucraniana não está pronta para perder", acrescenta.

Paz na Ucrânia depende do envolvimento da UE

"A paz na Ucrânia só pode ser alcançada com os europeus e os ucranianos", afirmou nesta quinta-feira (20) a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, em reação ao novo plano de paz defendido pelos Estados Unidos.

"Para que um plano funcione, é preciso que os ucranianos e os europeus estejam envolvidos, isso é muito claro", declarou em Bruxelas.

"A paz não pode ser a capitulação", afirmou, por sua vez, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, ao chegar a Bruxelas para uma reunião com chanceleres da União Europeia. "Os ucranianos sempre rejeitarão qualquer forma de capitulação", insistiu, lembrando que os europeus defendem o princípio de uma paz "justa" e "duradoura".

"Queremos uma paz duradoura, cercada das garantias necessárias para prevenir qualquer nova agressão por parte da Rússia de Vladimir Putin", destacou. "O que constatamos é que, hoje, é a Rússia de Vladimir Putin que constitui um obstáculo à paz", acrescentou Jean-Noël Barrot.

"O princípio de uma paz deve começar por um cessar-fogo na linha de contato, que permitirá iniciar discussões sobre a questão dos territórios e sobre as garantias de segurança", concluiu. 

Com agências

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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