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Europa

Avião da Malaysia com 298 pessoas a bordo cai na Ucrânia

Governo ucraniano e separatistas pró-Rússia se acusam mutuamente sobre o suposto atentado

17 jul 2014 - 12h26
(atualizado em 8/12/2014 às 16h32)
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Um avião da Malaysia Airlines caiu perto da cidade de Shaktarsk, na região de Donetsk, Ucrânia, cenário de combates entre as forças governamentais do país e rebeldes pró-Rússia, nesta quinta-feira. O Boeing- 777 voava de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, Malásia. Estavam a bordo do avião 283 passageiros e 15 tripulantes. Segundo informações iniciais, não há sobreviventes.

Fumaça densa é vista em região onde avião caiu na Ucrânia:

A Malaysia Airlines informou que perdeu contato com o voo às 14h15 GMT (11h15 de Brasília) a cerca de 50 km da fronteira entre Ucrânia e Rússia. O avião havia decolado de Amsterdã, na Holanda, às 12h15 locais, e deveria chegar à capital da Malásia, às 6h10 desta sexta-feira, também no horário local.

Segundo noticiou a agência russa Interfax, separatistas ucranianos pró-Rússia afirmaram ter encontrado a caixa preta do avião. Segundo o The Wall Street Journal, uma agência de inteligência norte-americana teria confirmado que um míssil foi disparado diretamente da terra contra o avião. No entanto, não há informações sobre quem o teria disparado.

O governo ucraniano e os separatistas se acusam mutuamente pelo suposto atentado. O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, negou que as forças armadas tenham atirado contra a aeronave. "Não excluímos a tese de que o avião tenha sido abatido e ressaltamos que as Forças Armadas da Ucrânia não tomaram medidas contra qualquer alvo no ar". Mais tarde, Poroshenko afirmou ter convicção de que se trata de um "ato terrorista", segundo comunicou seu assessor. "Poroshenko crê que esse avião foi abatido: não é um incidente, não é uma catástrofe, mas um ato terrorista" disse Svatoslav Tsegolko. Um conselheiro do ministro do Interior da Ucrânia disse que a aeronave foi derrubada por um míssil disparado por separatistas. Por outro lado, o líder separatista pró-Rússia Aleksander Borodai atribuiu a queda do avião às forças ucranianas. 

Ainda não há posição oficial sobre a queda do avião ter sido resultado de um ataque. Uma rede social russa, todavia, traz o que seria a postagem de um líder rebelde pró-Rússia. Na mensagem, o líder afirma que suas tropas derrubaram um avião. "Nós acabamos de derrubar um AN-26 nas proximidades de Torez", diz o texto. Até o momento, não foi possível confirmar a data ou a veracidade da postagem.

"O voo estava ocorrendo normalmente. Não houve nenhuma palavra sobre qualquer problema da tripulação (antes da queda)", disse o chefe do órgão responsável pelo espaço aéreo da Ucrânia, Dmytro Babeychuk.

Um funcionário dos serviços de emergência disse que mais de cem corpos tinham sido encontrados no local, perto do vilarejo de Grabovo, e pedaços de cadáveres estavam espalhados por até 15 quilômetros. Partes quebradas das asas estavam marcadas com tinta azul e vermelha, as cores do emblema da Malaysia Airlines.

De acordo com informações da Interfax, o número de mortos teria ultrapassado 300, contando vítimas que estavam no solo e foram atingidos pela queda do avião. O aeroporto da Malásia, para onde se encaminhava o voo, afirmou que, entre os mortos, haviam 154 holandeses, 27 australianos, 23 malaios, 11 indonésios, 4 alemães, 4 belgas, 3 filipinos, 1 canadense e 6 britânicos. Outros 23 seriam cidadãos americanos, segundo informações iniciais, mas ainda não há informação sobre as nacionalidades das demais vítimas. Inicialmente, o número de passageiros divulgado era de 280, mas três crianças foram incluídas na contagem.

Foto: Facebook

O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, informou que abrirá imediatamente uma investigação sobre o caso. "Estou consternado pelas notícias do avião da Malaysia Airlines acidentado. Iniciamos uma investigação imediata", afirmou o primeiro-ministro em sua conta no Twitter.

"Não tínhamos nos recuperado do trauma do MH370 e agora o MH17. Agora todos os olhares estão na Malásia. Alá, grande provação nos trouxeste", afirmou outro cidadão da Malásia, país de maioria muçulmana.

Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu que seus assessores o mantenham atualizado sobre o caso.

Para Obama, a prioridade é confirmar a nacionalidade das vítimas e o número de norte-americanos a bordo. Além disso, ele ofereceu assistência americana para "determinar o que houve e por que".

"O mundo está acompanhando os relatórios de um avião de passageiros que caiu perto da fronteira entre Rússia e Ucrânia", disse Obama em discurso no estado de Delaware.

Em comunicado oficial, a Boeing se colocou à disposição das autoridades na investigação do acidente. "Nossos pensamentos e orações estão com todos os passageiros e tripulantes do avião que se perdeu no espaço aéreo ucraniano, bem como com suas famílias e entes queridos. A Boeing se coloca inteiramente à disposição no que for necessário para auxiliar as autoridades."Obama e o presidente russo, Vladimir Putin, conversaram nesta quinta-feira sobre o acidente, segundo o Kremlin. "O líder russo informou ao presidente dos Estados Unidos sobre um relatório dos controladores de tráfego aéreo que chegou pouco antes da conversa telefônica indicando que um avião malaio havia caído na Ucrânia", declarou o Kremlin em um comunicado.

Em 8 de março deste ano, um outro avião da Malaysia Airlines que decolou de Kuala Lampur em direção à Pequim, com 239 pessoas a bordo, desapareceu dos radares. Suspeita-se que ele tenha caído no Oceano Índico, mas até hoje nenhum vestígio da aeronave foi encontrado.

Área de conflito

O local da queda do avião da Malaysia Airlines coincide com o do conflito político e militar atualmente em curso na Ucrânia. O leste do país se tornou palco de intensos confrontos entre o Exército e rebeldes pró-Rússia depois de uma revolta que derrubou o antigo governo ucraniano, histórico aliado de Moscou.

Resultado da tensão entre suas duas partes, a crise interna da Ucrânia transformou-se em um dos principais focos de tensão à medida que o lado ocidental da Ucrânia, apoiado pelos europeus e pelos Estados Unidos, resistia e avançava sobre a parcela oriental, de filiação russa. A crise chegou a elevar os temores de uma guerra depois da reivindicação dos russos sobre a Crimeia.

(Com agências internacionais)

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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