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Estados Unidos

Tiros contra criança negra nos EUA foram justificados, diz relatório

11 out 2015 - 17h53
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O policial que disparou e matou um menino de 12 anos em Cleveland, no estado de Ohio, nos Estados Unidos, em novembro do ano passado atuou de forma "razoável" porque acreditava que o arma de brinquedo que o garoto carregava era real, concluíram duas investigações independentes sobre o fato.

Os dois relatórios, divulgados neste domingo pela imprensa americana, analisam o caso de Tamir E. Rice, atingido por tiros que partiram da arma do policial Timothy Loehmann em um parque de Cleveland, onde ele brincava com uma réplica de uma pistola semiautomática.

"Concluo que a convicção do agente Loehmann de que Rice apresentava uma ameaça de dano físico ou morte foi objetivamente razoável, assim como sua resposta perante essa ameaça percebida", escreveu o fiscal de Denver, no Colorado, S. Lamar Sims, em um dos relatórios.

No dia dos fatos, Loehmann e seu companheiro Frank Garmback foram ao parque de Cleveland depois de serem chamados de um morador, que afirmava que um jovem estava apontando um objeto que parecia ser uma arma de fogo aos pedestres.

Segundo a Polícia de Cleveland, quando chegaram ao parque, os agentes pediram a Rice para levantar as mãos, mas ele as levou até a cintura e puxou a arma de brinquedo, o que fez com que Loehmann atirasse duas vezes, na direção do abdômen e no peito.

Com base em um vídeo que registrou as ações, a família alega que Rice foi atingido um segundo depois da chegada dos policiais e que em nenhum momento lhe deram a oportunidade de cumprir as ordens verbais que os agentes dizem ter dado.

Os dois relatórios independentes foram elaborados pela promotoria que investiga o caso e divulgados ontem à noite pelo escritório de S. Lamar Sims.

Os autores dos relatórios são reconhecidos especialistas em assuntos relacionados ao uso da força policial, e ambos examinaram unicamente a constitucionalidade da decisão de Loehmann de abrir fogo contra Rice em questão de segundos.

Uma dos analistas, a ex-agente do FBI Kimberly Crawford, ressaltou em seu texto que o treinamento universal de policiais ensina a fixar o olhar nas mãos de quem tem uma arma, e quando Loehmann viu que as mãos de Rice se movimentaram na direção da cintura, onde estava a pistola, teve que decidir rapidamente.

"Sem dúvida alguma, as ações de (Rice) poderiam razoavelmente ser percebidas como uma ameaça justificada para o policial Loehmann", indicou ela em seu relatório, divulgado pelo jornal "The Plain Dealer".

Em comunicado, a família de Rice acusou o promotor do condado, Timothy McGinty, de levar "11 meses em uma cruzada para evitar que haja prestação de contas" no caso.

"Estes supostos 'especialistas', todos eles favoráveis à polícia, ignoram o simples fato de que os agentes dispararam imediatamente contra Tamir sem avaliar a situação minimamente. Um júri razoável poderia perceber essa conduta como irracional", indicaram.

A previsão é de que os dois relatórios sejam entregues a um júri de acusação, que decidirá se apresenta ou não acusações contra os agentes envolvidos no caso, um dos muitos de jovens negros assassinados pela polícia nos Estados Unidos nos últimos meses.

EFE   
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