Mãe cubana é deportada dos EUA e separada da filha de 1 ano
Deportação aconteceu repentinamente em uma visita rotineira para acompanhar caso de legalização
Uma visita rotineira ao escritório do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) em Tampa, na Flórida, mudou a vida de Heidy Sánchez, 44 anos, mãe cubana que viveu nos Estados Unidos nos últimos anos. Segundo sua advogada, Claudia Cañizares, Sánchez compareceu à unidade acompanhada do marido, Carlos Valle, da filha de 17 meses, Kailyn -- ainda em fase de amamentação -- e de uma representante do escritório jurídico que cuida de seu caso de legalização. Ao final da visita, foi detida e deportada dias depois para Cuba, sem a filha.
"Ela disse: 'Quero levar minha filha', e eles responderam: 'Não, sua filha é cidadã americana. Ela tem que ficar'", afirmou Cañizares em entrevista à revista People. A advogada contou ainda que os agentes pediram que a colega que acompanhava Sánchez no encontro entregasse a criança ao pai, que esperava do lado de fora. A decisão, segundo Cañizares, foi tomada sem oferecer a opção de levar Kailyn com a mãe, mesmo com o histórico de convulsões da bebê.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Sánchez, que não tem antecedentes criminais nos EUA nem em Cuba, foi deportada com base em um processo de 2019. Na época, fugindo de Cuba, ela entrou com pedido de asilo nos Estados Unidos. Mas, sob a política "Permanecer no México", precisou aguardar a análise do pedido do lado mexicano da fronteira. Após comparecer à primeira audiência, não conseguiu se apresentar na segunda. Quando tentou explicar o ocorrido a agentes na fronteira, soube que havia sido emitida uma ordem de deportação por ausência.
Mesmo assim, após passar nove meses detida, Sánchez foi libertada provisoriamente, já que Cuba inicialmente recusou-se a recebê-la. Ela passou a viver sob uma ordem de supervisão, que exigia comparecimento anual ao ICE. Em Tampa, refez a vida: conheceu Carlos Valle, cubano naturalizado cidadão americano, e tornou-se mãe em novembro de 2023, após vários ciclos de fertilização in vitro. Trabalhou como cuidadora domiciliar e estudava para se tornar técnica de enfermagem.
Família separada
A situação tem sido devastadora para a bebê, relata Cañizares, sobretudo pela separação abrupta e pela interrupção da amamentação. Mãe e filha tentam manter contato diário por chamadas de vídeo, mas as frequentes quedas de energia em Cuba dificultam as conversas. A família tenta agora obter o retorno de Heidy ao país, seja por meio de um visto de imigração ou por autorização de entrada por razões humanitárias.
O caso tem chamado atenção de autoridades locais. A deputada democrata Kathy Castor, que representa Tampa, enviou uma carta ao presidente Donald Trump solicitando a permissão para que Sánchez retorne ao país.
A política migratória da gestão Trump foi amplamente marcada pela promessa de priorizar a deportação de imigrantes com histórico criminal, o que não se aplica ao caso de Sánchez.