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Estados Unidos negam planos para retirar tropas do Iraque

Carta divulgada por agências sugeria que os EUA estavam reposicionando suas tropas como parte de uma retirada geral do país

6 jan 2020 - 19h35
(atualizado às 19h48)
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O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, negou nesta segunda-feira que o país esteja planejando retirar suas tropas do Iraque. "Não há nenhuma decisão em qualquer sentido de deixar o Iraque", disse.

A declaração de Esper foi feita após as agências Reuters e France-Presse divulgarem uma carta elaborada por um general que atua na coalizão internacional liderada pelos EUA no Iraque, William H. Seely III, que pareceu sugerir que os americanos estão organizando uma saída do país.

No documento, enviado ao Ministério da Defesa iraquiano, Seely disse que "em respeito à soberania do Iraque e como requisitado pelo Parlamento e pelo primeiro-ministro, o CJTF-OIR (sigla da coalizão) vai reposicionar forças ao longo dos próximos dias e semanas como preparação para um movimento posterior".

Um fuzileiro naval dos EUA supervisiona seu esquadrão enquanto eles fazem a segurança no complexo da embaixada dos EUA em Bagdá, Iraque. 03/01/2020. Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Divulgação via REUTERS.
Um fuzileiro naval dos EUA supervisiona seu esquadrão enquanto eles fazem a segurança no complexo da embaixada dos EUA em Bagdá, Iraque. 03/01/2020. Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Divulgação via REUTERS.
Foto: Reuters

Ao final do documento, o general ainda escreveu "respeitamos sua decisão soberana de ordenar nossa partida", em referência à aprovação de uma resolução pelo Parlamento do Iraque, que no domingo pediu a saída de todas as tropas estrangeiras do país.

Segundo a Reuters e a France-Presse, a autenticidade do documento foi confirmada por fontes americanas e iraquianas. No entanto, um oficial americano disse à rede CNN que a cara era apenas uma notificação sobre reposicionamento de tropas ao longo do país, e não o anúncio de uma retirada geral.

Já o general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto dos EUA, disse que a carta foi "um erro" e que o documento foi mal formulado, dando a entender que os americanos estavam planejando uma retirada. "Essa carta é um rascunho, foi um erro, não foi assinada, não deveria ter sido divulgada. Mal formulada, implica retirada, não é isso que está acontecendo", disse.

O documento cita que esse movimento prevê um "aumento no número de helicópteros sobrevoando a Zona Verde e suas imediações" e que a coalizão vai "tomar as medidas apropriadas para mitigar o incômodo" que isso eventualmente causar para a população.

Atualmente, os americanos têm cerca de 5 mil militares no Iraque. A maioria atua como consultores do Exército iraquiano. Atualmente, o acordo legal entre Bagdá e Washington estabelece que as tropas americanas estão no Iraque "a convite" do governo iraquiano.

A resolução que pede a saída de tropas estrangeiras no país foi proposta pelo próprio primeiro-ministro do país, Abdel Abdul Mahdi. O texto, no entanto, foi aprovado por apenas 168 dos 329 parlamentares - deputados curdos e sunitas boicotaram a votação.

A aprovação da resolução ocorreu em meio à tensão depois do ataque aéreo dos EUA em Bagdá que matou o general Qassim Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã. O caso provocou indignação entre os xiitas do Iraque alinhados com o Irã.

No domingo, após a aprovação da resolução pelo Parlamento iraquiano, o presidente Donald Trump que ameaçou impor sanções contra o Iraque caso o país árabe insista em expulsar as tropas americanas.

"Se eles nos pedirem para sair, se não o fizermos de uma maneira muito amigável, imporemos a eles sanções como nunca haviam visto antes, o que fará com que as sanções iranianas pareçam um pouco mansas", disse Trump para jornalistas.

"Temos uma base aérea extraordinariamente cara que está lá. Custou bilhões de dólares para construir. Não vamos embora a menos que nos paguem", completou o presidente.

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