Em Bruxelas, Conte tenta evitar denúncia por déficit
Itália está na mira da UE por causa de suas políticas fiscais
Enquanto os Estados-membros da União Europeia discutiam a repartição dos principais cargos do bloco, a Itália foi à última reunião do Conselho Europeu, encerrada na madrugada desta sexta-feira (21), em Bruxelas, mais preocupada em evitar uma denúncia por violação das normas fiscais comunitárias.
O país está na mira da Comissão Europeia por causa da previsão de alta do déficit e da dívida pública, em uma economia que já tem o segundo maior endividamento de toda a zona do euro, atrás apenas da Grécia.
"É uma negociação muito complexa e difícil, jamais pensei que teríamos caminho livre", disse o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, ainda em Bruxelas, acrescentando que espera "fair play" da Comissão Europeia.
No ano passado, a Itália, que tivera sua lei orçamentária vetada duas vezes pela UE, se comprometera com um déficit fiscal de 2,04% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, mas o próprio governo admitiu, em fevereiro, que o rombo será de 2,4%, algo equivalente a mais de 40 bilhões de euros.
A escalada do déficit pressionará a dívida pública italiana, hoje superior a 130% do PIB, em um cenário de desemprego elevado e economia quase estagnada. "Os números reais ou projeções mais fiéis à realidade, porque foram atualizadas em junho, estão conosco", disse Conte.
O governo alega há cerca de um mês que as previsões para a economia melhoraram, mas ainda não apresentou esses números. Se a Itália não explicar a alta do déficit, pode ser denunciada pela Comissão Europeia por endividamento excessivo, arriscando levar uma multa bilionária de Bruxelas.
"Cabe à Comissão Europeia decidir os próximos passos. Trata-se de um percurso muito preciso. Estou certo de que a Comissão garantirá que a Itália faça rapidamente o que precisa ser feito ou a denunciará", disse o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte.
A UE também já está de olho em 2020, quando o déficit deve estourar o limite de 3% do PIB estabelecido para todos os países do bloco, e questionará o governo de onde ele tirará dinheiro para financiar outras medidas, como a redução das alíquotas do imposto de renda.