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Bispo salvadorenho assassinado Oscar Romero e papa Paulo VI se tornam santos

14 out 2018 - 13h29
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O papa Francisco santificou neste domingo duas das mais controversas figuras da Igreja Católica Romana no século 20 - o arcebispo salvadorenho Oscar Romero, que foi assassinado, e o papa Paulo VI, que liderou a igreja em uma de suas eras mais turbulentas e ficou conhecido por sua oposição à contracepção.

Em uma cerimônia perante dezenas de milhares de pessoas na Praça São Pedro, Francisco declarou os dois homens santos, junto com cinco outras pessoas menos conhecidas, que nasceram na Itália, Alemanha e Espanha nos séculos 18 e 19.

Tanto Romero, que foi fuzilado por um esquadrão da morte de direita enquanto rezava a missa em 1980 e Paulo, que liderou a Igreja durante a conclusão do modernizador Segundo Concílio do Vaticano, entre 1962 e 1965, foram figuras controversas dentro e fora da Igreja.

Ambos foram homens naturalmente tímidos que acabaram no plano principal da história devido às convulsivas mudanças sociais e políticas do século 20 e ambos tiveram duradoura influência sobre o atual pontífice, Francisco, o primeiro papa latino-americano.

Em sua homília, lida ao lado de tapeçarias contendo as imagens dos setes novos santos penduradas na Basílica de São Pedro atrás dele, Francisco chamou o papa Paulo VI de "profeta da Igreja extrovertida", que a abriu para o mundo. Ele louvou Romero por desconsiderar sua própria vida "para estar próximo dos pobres e de seu povo".

Romero, que muitas vezes denunciou a repressão e a pobreza em suas homílias, foi assassinado em 24 de março de 1980, na capela de um hospital de San Salvador, capital de El Salvador, empobrecido país da América Central.

O assassinato de Romero foi um dos mais chocantes no longo conflito entre uma série de governos apoiado pelos Estados Unidos e rebeldes de esquerda, no qual milhares foram mortos por esquadrões da morte de militares e de direita.

Romero denunciou consistentemente a violência de militares e paramilitares contra civis e pedia que a comunidade internacional agisse para por fim à opressão.

PAPA HAMLET

Paulo VI, um homem tímido descrito por biógrafos como uma figura indecisa e atormentada, como Hamlet, guiou a Igreja Católia durante a conclusão do Segundo Concílio do Vaticano, que começou sob o comando de seu antecessor, e a implementação de suas reformas. Ele foi eleito em 1963 e morreu em 1978.

Francisco frequentemente cita Paulo, mostrando que ele era comprometido com as reformas do Concílio, que permitiram que a missa fosse celebrada nos idiomas locais, em vez de Latim, declarou respeito por outras religiões e lançou uma reconciliação histórica com os judeus.

Ainda hoje, católicos ultraconservadores não reconhecem os ensinamentos do Concílio e culpam Paulo por dar início ao que consideram como o declínio da tradição.

Apesar de muitas reformas, Paulo é mais conhecido por sua encíclica Humanae Vitae (Da Vida Humana), de 1968, que consagrou a proibição da Igreja ao controle artificial da natalidade, dizendo que nada deveria impedir a transmissão da vida humana.

A proibição, que Paulo emitiu contra o conselho de uma comissão papal, se tornou a mais contestada determinação da Igreja no século 20 e ainda é amplamente ignorada pelos católicos.

Paulo também se tornou o primeiro papa nos tempos modernos a viajar para fora da Itália para ver os fiéis, introduzindo uma prática que se tornou sinônimo do papado.

Paul VI é o terceiro papa que Francisco santifica desde a sua eleição em 2013. Os outros são João XXIII, que morreu em 1963, e João Paulo II, que morreu em 2005.

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