Assassinato de Charlie Kirk inflama política italiana
Governo e oposição trocaram acusações sobre 'clima de ódio'
O assassinato do ativista de extrema direita americano Charlie Kirk, apoiador do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inflamou a política italiana, com o governo da premiê Giorgia Meloni e a oposição trocando acusações a respeito de um suposto "clima de ódio" no país.
"Venho de uma comunidade política que tem sido frequentemente acusada de disseminar o ódio pelas mesmas pessoas que celebram e justificam o assassinato intencional de um jovem culpado apenas de defender corajosamente suas ideias", disse Meloni, líder do partido de direita Irmãos da Itália (FdI), durante um comício no sábado (13).
"Acho que está chegando a hora de cobrar a esquerda italiana sobre essa contínua justificação da violência contra quem não pensa como eles. O clima também está ficando insustentável na Itália", acrescentou a premiê.
Elly Schlein, líder do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, a maior legenda da oposição no país, respondeu que foi "irresponsável" da parte de Meloni "aumentar e fomentar esse clima incandescente", enquanto o ex-primeiro-ministro e presidente do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte, pediu ao "governo que modere o tom".
Elly Schlein acusou Meloni de comportamento 'irresponsável'Outro ex-premiê, Matteo Renzi, do partido de centro Itália Viva (IV), afirmou que Meloni denunciou um suposto clima de ódio para desviar a atenção de outras questões.
"A estratégia de Meloni com o caso Kirk é clara. A premiê alimenta o ódio, semeia a discórdia e cria tensão para evitar discutir salários e segurança. Mas, acima de tudo, para impedir o surgimento de um verdadeiro movimento de direita que possa competir com ela. Meloni alimenta o medo porque ela tem medo", escreveu Renzi no X.
Charlie Kirk, 31 anos, era uma estrela ascendente do movimento ultraconservador nos EUA e defensor ferrenho do porte de armas. Além disso, ganhou fama com ataques verbais aos movimentos negro, feminista e pelos direitos de minorias sexuais.
Durante um evento chamado "Prove me wrong" ("Prove-me que estou errado") na Universidade de Utah Valley, na semana passada, o ativista foi baleado com um tiro no pescoço e morreu pouco depois.
O único suspeito do crime até o momento é o estudante Tyler Robinson, de 22 anos, que não é filiado a nenhum partido, embora seja de uma família tradicionalmente republicana. Balas encontradas com o rifle usado no atentado continham inscrições antifascistas, incluindo o nome da canção símbolo da Resistência italiana, "Bella Ciao!". Robinson, no entanto, não admitiu o crime.