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Ásia

Amiga de amante de ditador norte-coreana narra prisão e tortura na ONU

21 ago 2013 - 10h52
(atualizado às 11h08)
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Uma mulher passou nove anos internada em um campo de trabalho, ao lado dos pais e dos filhos, onde viu a morte da maioria deles, para não divulgar a relação que uma de suas amigas tinha com o filho do ditador norte-coreano.

A ex-prisioneira norte-coreana Kim Young-Soon contou sua história esta semana na ONU.

Young-Soon, hoje com 77 anos, conseguiu fugir do país natal em 2001. Ao lado de outros ex-prisioneiros, a mulher relatou sua história à comissão de investigação das Nações Unidas que examina pela primeira vez oficialmente os direitos humanos sob o regime da dinastia Kim.

Pyongyang, que nega qualquer abuso, não reconhece a comissão e negou acesso ao país para uma delegação.

Nos anos 70, Young-Soon pertencia ao privilegiado círculo próximo ao poder. "Tinha uma vida fabulosa até os 34 anos. Dançava para Kim Il-Sung, (o ditador da época), viajava por todo o país como uma celebridade", contou.

Entre suas amigas estava Song Hae-Rim, uma atriz casada que em 1969 virou amante de Kim Jong-Il, o filho e herdeiro do dirigente do país. A relação era um segredo de Estado, mesmo quando a mulher deu à luz um filho.

Para garantir que o segredo jamais fosse revelado, as autoridades decretaram uma punição a Kim Young-Soon. Em 1970, ela foi convocada pela polícia, detida e interrogada durante dois meses.

A bailarina não revelou nada, mas foi enviada ao lado dos pais e dos quatro filhos para Yodok, um campo de prisioneiros situado em uma região montanhosa e isolada do nordeste do país. "O lugar mais infernal do mundo", definiu Young-Soon.

"Nunca me disseram do que eu era culpada. Falaram apenas que deveríamos estar todos mortos, mas que nos autorizavam a viver graças à imensa humildade do dirigente".

Obrigados a trabalhar incansavelmente, desnutridos, agredidos e torturados, os detentos caíam como moscas. Os pais de Kim Young-Soon morreram após um ano de cativeiro, um de seus filhos morreu afogado em um rio e sua filha foi entregue a uma família de agricultores. Ela nunca mais viu a criança.

Libertada em 1979 graças à intervenção de uma autoridade militar, Young-Soon conseguiu fugir do país em 2001.

"Os que vivem em um país livre nunca entenderão realmente o que acontece nestes campos de trabalho", concluiu em seu relato à comissão.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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