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América Latina

Um mês após morte, sepulcro de Chávez ainda atrai multidão

Chávez morreu de câncer, em 5 de março, após governar a Venezuela por 14 anos

5 abr 2013 - 13h13
(atualizado às 14h05)
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<p>Visitantes em torno do sepulcro de mármore que abriga os restos mortais de Hugo Chávez, no forte militar 4F, em Caracas</p>
Visitantes em torno do sepulcro de mármore que abriga os restos mortais de Hugo Chávez, no forte militar 4F, em Caracas
Foto: Carlos Garcia / Reuters

Os visitantes caminham na ponta dos pés em torno do sepulcro de mármore que abriga os restos mortais de Hugo Chávez. Simpatizantes soluçam enquanto a voz do ex-presidente venezuelano ecoa pelos alto-falantes. Turistas estrangeiros fotografam painéis que narram sua vida, desde a infância rural até a atuação como líder radical da Venezuela.

Mesmo morto, Chávez continua dominando a política local, e a campanha para a eleição presidencial marcada para 14 de abril gira em torno da continuidade ou não do socialismo chavista.

Um quartel do Exército em um morro de Caracas foi transformado em santuário e museu para o presidente, que morreu há um mês. Centenas de pessoas aparecem diariamente para prestar homenagem a Chávez. "Eles vêm de todos os lugares, de muitos países", disse Alba Antunes, 75 anos, que trabalha como guia no imponente prédio centenário escolhido para receber o caixão de Chávez. "Sua memória e seu espírito vão viver para sempre aqui."

Chávez morreu de câncer, em 5 de março, após governar a Venezuela por 14 anos. Seu velório atraiu milhões de pessoas, numa comoção comparável ao funeral da primeira-dama argentina Eva Perón, há seis décadas. Depois de um velório de dez dias, o corpo foi levado até o quartel onde já funcionava como museu sobre o frustrado golpe militar de 1992, que lançou a carreira política do então tenente-coronel Chávez.

Os planos para embalsamar o corpo foram descartados, por falta de tempo hábil, e ainda não está decidido se o presidente será enterrado definitivamente na sua cidade natal, Sabaneta, ou no grandioso Panteão Nacional, em Caracas.

O corpo atualmente repousa próximo à favela 23 de Janeiro, importante bastião do chavismo, e com vista para o palácio presidencial de Miraflores. "Que lugar poderia ser melhor para ele? Ele emergiu do povo, e agora continua com ele", disse o soldado José Herrera, orientando o caminho dos visitantes no local.

O legado de Chávez é controverso: ele era um defensor arrojado dos pobres, um autocrata beligerante, ou uma combinação de ambos? Para os críticos, a emoção pela morte de Chávez tem obscurecido os lados mais sombrios de seu governo: prisão ou exílio para os opositores políticos, gestão econômica caótica e um obsessivo e autoritário estilo de governar.

O presidente em exercício Nicolás Maduro apresenta-se como "filho" político de Chávez e sua campanha eleitoral é baseada em promessas de que manterá as políticas populares de assistência social. O candidato da oposição Henrique Capriles diz que Maduro é uma pálida imitação de Chávez, e que é hora de seguir em frente.

Mulher passa por mural com a imagem de Chávez no forte militar
Mulher passa por mural com a imagem de Chávez no forte militar
Foto: Reuters

Reverência e reflexão

No museu, recém-pintado e remodelado em torno do caixão de mármore exposto no centro, os visitantes ficam em silêncio, refletindo sobre a vida de Chávez e a eleição deste mês. "Os sentimentos são muito profundos, é quase como se não houvesse esperança. Acreditávamos que o comandante Chávez levaria este país adiante. Agora podemos vê-lo jazendo aí, e não sabemos o que vai acontecer", disse o advogado Jean-Carlos Mendoza, de 32 anos.

"Chávez era muito inteligente e teve razões para escolher Maduro como seu sucessor. Nós nos perguntamos por que ele escolheu Maduro, talvez tenha sido por causa das suas boas relações exteriores", acrescentou ele, referindo-se aos seis anos que o agora candidato atuou como chanceler.

Ao redor do sarcófago, dois enormes retratos de Chávez encaram duas imagens do herói da independência Simón Bolívar. Numa capela ao lado, fotos de Chávez rezando e segurando um crucifixo ladeiam o altar.

A maioria dos visitantes fazem o sinal da cruz e toca rapidamente o caixão preto e elevado. Embora os admiradores sejam maioria, alguns críticos também aparecem. "Nunca fui chavista. Ele fez muito mal ao país, e parece que todo mundo está esquecendo isso agora. Mas nunca irei demonstrar desrespeito pelos mortos", disse o estudante de administração Antonio Rodriguez, 24 anos, ao colocar sua mão sobre o mármore.

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