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Acadêmico por trás de vazamento de dados do Facebook diz que influência política foi exagerada

21 mar 2018 - 12h06
(atualizado às 13h21)
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A consultoria no centro de uma turbulência sobre dados do Facebook exagerou sua participação na vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016 e não teria sido capaz de influenciar um resultado eleitoral, disse o acadêmico que forneceu os dados para a consultoria.

Logo do Facebook é visto em evento em Maryland, nos Estados Unidos 23/02/2018      REUTERS/Joshua Roberts
Logo do Facebook é visto em evento em Maryland, nos Estados Unidos 23/02/2018 REUTERS/Joshua Roberts
Foto: Reuters

O psicólogo Aleksandr Kogan também disse à BBC em uma entrevista realizada na quarta-feira que está sendo feito de bode expiatório pelo Facebook e a Cambridge Analytica, a empresa britânica contratada por Trump para sua campanha eleitoral.

O Facebook foi abalado nesta semana por uma acusação de que a empresa britânica Cambridge Analytica acessou indevidamente informações de milhões de usuários do Facebook para formar perfis detalhados de eleitores norte-americanos.

A revelação levou à perda de quase 50 bilhões de dólares do valor de mercado do Facebook em dois dias e pressionou ações do Twitter e do Snap por receios de que falhas na proteção de dados dos usuários por grandes empresas de tecnologia pode inibir anunciantes e usuários e levar a uma regulação mais dura.

O Facebook e a Cambridge Analytica culparam Aleksandr Kogan, um psicólogo da Universidade de Cambridge que colheu os dados ao conduzir uma pesquisa por meio de um aplicativo no Facebook.

Muitos grupos de campanha eleitoral em todo o mundo reúnem dados sobre seus eleitores, na esperança de atingir os eleitores que podem ser simpáticos à sua mensagem.

Contudo, Kogan disse que os serviços fornecidos pela consultoria política britânica foram amplamente exagerados.

"Eu acho que a Cambridge Analytica tentou vender sua mágica e eles fizeram alegações de que isso é incrivelmente preciso e te diz tudo que há para dizer sobre você. Mas eu acho que a realidade não é essa", disse ele.

O aplicativo para smartphone de Kogan, "thisisyourdigitallife", oferecia um teste de personalidade e se promovia no Facebook como um "aplicativo de pesquisa usado por psicólogos"

O Facebook diz que Kogan violou suas políticas ao passar os dados para a Cambridge Analytica para uso comercial, dizendo na sexta-feira que ele "mentiu para nós". A Cambridge Analytica disse que destruiu os dados assim que percebeu que a informação não se encaixava nas regras de proteção.

Kogan disse que os eventos da semana passada foram um choque. "Minha visão é que eu estou basicamente sendo usado como bode expiatório tanto pelo Facebook como pela Cambridge Analytica", disse ele.

"Nós pensávamos que estávamos fazendo algo que era realmente normal e que estávamos assegurados pela Cambridge Analytica de que tudo estava perfeitamente legal e dentro dos limites dos termos de serviço".

A Cambridge Analytica negou várias alegações feitas sobre suas práticas de negócios em recentes reportagens.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse ao Parlamento que apoia uma investigação sobre Cambridge Analytica, enquanto um porta-voz do governo alemão disse que o uso de dados de 50 milhões de usuários do Facebook para fins políticos seria inaceitável.

Alexander Nix, diretor da Cambridge Analytica, disse em uma vídeo gravado secretamente e divulgado na terça-feira que sua empresa desempenhou um papel decisivo na vitória eleitoral de Trump.

"Nós fizemos toda a pesquisa. Nós fizemos todos os dados. Nós fizemos todas as análises. Nós fizemos toda a segmentação. Nós executamos toda a campanha digital e nossos dados informaram sua estratégia", disse Nix a um repórter secreto que trabalha para o Channel 4 News da Grã-Bretanha.

Nix foi suspenso pela empresa pouco antes de o vídeo ser transmitido.

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