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A crítica sem precedentes de Melania Trump à separação de imigrantes ilegais de seus filhos nos EUA

Primeira-dama dos EUA faz raro pronunciamento pedindo fim de medida; casos de separação se intensificaram após introdução de política de 'tolerância zero' introduzida por governo de seu marido em maio.

18 jun 2018 - 10h02
(atualizado às 13h30)
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Depois de governo Trump impor "tolerância zero" em relação à política migratória, Melania Trump diz que EUA precisa ser um país que 'governa com o coração'
Depois de governo Trump impor "tolerância zero" em relação à política migratória, Melania Trump diz que EUA precisa ser um país que 'governa com o coração'
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, surpreendeu ao fazer um apelo pelo fim da política de separação de pais e filhos que entram ilegalmente por meio da fronteira com o México.

Por meio de um comunicado, lido por uma porta-voz, ela disse que "precisamos ser um país que respeita as leis, mas também um país que governa com o coração".

Segundo sua diretora de comunicações, Stephanie Grisham, a mulher do presidente, Donald Trump, "odeia ver crianças separadas de suas famílias e espera que ambos os lados (republicanos e democratas) possam finalmente unir-se para aprovar uma reforma migratória exitosa".

Os comentários foram feitos em meio à crescente política de "tolerância zero" imposta no início de maio pelo governo contra imigrantes ilegais.

Em seis semanas, cerca de 2 mil famílias foram separadas.

Imagens de crianças sendo separadas dos pais ao tentarem atravessar a fronteira do México com os EUA têm provocado indignação nas útlimas semanas
Imagens de crianças sendo separadas dos pais ao tentarem atravessar a fronteira do México com os EUA têm provocado indignação nas útlimas semanas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Adultos que tentam cruzar a fronteira, muitos com a intenção de pedir asilo, são detidos e enfrentam um processo criminal por terem entrado ilegalmente no país. Como consequência, centenas de menores de 18 anos são levados para outros centros de detenção e mantidos separados dos pais.

Donald Trump argumenta que a situação resulta de uma lei que diz ter herdado dos democratas. No sábado, ele também pediu aos adversários políticos que trabalhem junto com o Partido Republicado, ao qual é filiado, para aprovar novas leis.

"Os democratas podem consertar a separação de famílias na fronteira trabalhando com os republicanos numa nova legislação, para mudar!", tuitou Trump. "É por isso que nós precisamos de mais republicanos eleitos em novembro. Democratas são bons em apenas três coisas, Impostos Elevados, Altos Crimes e Obstrução. Triste."

Muitos observaram, no entanto, que a iniciativa de deter os filhos e separá-los dos pais faz parte do pacote de medidas da política de "tolerância zero" introduzidas no mês passado pelo procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions. E que, para ser suspensa, a medida não precisaria de uma ação do Congresso.

Abrigos sem espaço

As detenções dos filhos, que incluem bebês e crianças bem pequenas, causaram reclamações de albergues e abrigos, que alegam estar ficando sem espaço para atender a demanda.

No domingo, um grupo de congressistas democratas visitou um centro de detenção do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE, na sigla em inglês), em Nova Jersey. A ideia era ver pessoas detidas e separadas dos filhos.

Enquanto isso, autoridades anunciaram o plano de erguer acampamentos para acolher centenas de crianças que estão no deserto do Texas, onde as temperaturas alcançam, com frequência, 40ºC.

Há relatos de famílias que ficaram separadas por semanas e até meses
Há relatos de famílias que ficaram separadas por semanas e até meses
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Também no domingo, manifestantes fizeram uma passeata até um desses acampamentos em Tornillo, no Texas, que acolhe centenas de crianças separados dos pais, para protestar pelo que consideram uma medida "totalmente desumana".

Nas primeiras duas semanas da política de "tolerância zero", 658 menores de idade foram separados dos adultos que viajavam com eles, segundo dados das autoridades da fronteira dos EUA.

De outubro de 2017 a abril deste ano foram pouco mais de 700 as famílias afetadas.

Em muitos desses casos, contudo, as famílias puderam se reunir depois que os pais foram liberados. Há relatos, entretanto, de pessoas que ficaram separadas por semanas e até meses.

Houve separações de famílias de imigrantes indocumentados em governos anteriores, mas ativistas de direitos humanos afirmam que o número de afetados era muito pequeno se comparado com as estatísticas registradas durante o governo de Donald Trump.

No domingo, pelo menos cinco imigrantes ilegais morreram e vários ficaram feridos depois de um acidente com o veículo em que viajavam, quando tentava fugir da patrulha de fronteira no sul do Texas.

Segundo as autoridades locais, o veículo andava a 160 km/h com 14 pessoas a bordo.

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