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Mundo tem quase 80 milhões de pessoas deslocadas à força, diz ONU

18 jun 2020 - 06h36
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Número quase dobra em uma década, e agência da ONU diz que 1% da população mundial está deslocada. Conflito na Síria e crise na Venezuela estão entre os principais fatores que impulsionam fuga.Quase 80 milhões de pessoas em todo o mundo estão deslocadas após serem forçadas a fugir devido a conflitos, perseguições e violência, afirmou nesta quinta-feira (18/06) o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

O número, medido até o final de 2019, consta do relatório anual do Acnur sobre as tendências globais do deslocamento forçado de pessoas e significa que mais de 1% da população mundial está deslocada. A agência da ONU destacou que nunca testemunhou um número total tão elevado.

O deslocamento forçado de pessoas quase duplicou desde 2010, quando era de 41 milhões de pessoas, afirmou a agência.

O alto comissário Filippo Grandi destacou que apenas cinco países no mundo são a origem de mais de dois terços (68%) de todas as pessoas em fuga: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Myanmar.

O conflito civil sírio entrou no seu décimo ano e sozinho já fez cerca de 13,2 milhões de refugiados, requerentes de refúgio e deslocados internos, que representam um sexto do número total.

A fuga dos venezuelanos continuou no ano passado, com 4,5 milhões de pessoas indo para países da região, principalmente Colômbia, Peru, Equador, Chile e Brasil, segundo dados da agência.

O Acnur lembrou que o novo recorde representa um crescimento significativo em relação a 2018, ano em que haviam sido contabilizadas 70,8 milhões de pessoas deslocadas à força, o que já tinha sido considerado então um recorde.

Para a agência da ONU, o aumento de 2019 resulta de dois grandes fatores. O primeiro são "os preocupantes novos deslocamentos", em particular os na República Democrática do Congo, na região africana do Sahel, no Iêmen e na Síria. 

O segundo fator, segundo o Acnur, é uma percepção mais concreta sobre a situação dos venezuelanos que estão fora do seu país, pois muitos não estão legalmente registrados como refugiados ou como requerentes de asilo, mas necessitam assim mesmo de "medidas sensíveis de proteção".

A agência da ONU acrescentou ainda que cada vez menos pessoas que fogem conseguem voltar para casa. Na década de 1990, em média, 1,5 milhão de refugiados conseguia regressar para casa todos os anos. Na última década, esse número caiu para cerca de 385 mil, destaca o documento.

Entre as 79,5 milhões de pessoas que estavam deslocadas à força até o fim do ano passado, 45,7 milhões são deslocados internos, como se chamam as pessoas que fugiram para outras áreas dentro dos seus próprios países. 

As demais pessoas tiveram de sair dos seus países, e delas 29,6 milhões são refugiados ou outros deslocados à força (como é o caso dos apátridas) e outras 4,2 milhões são requerentes de refúgio (pessoas que estão fora do país de origem e que recebem proteção internacional, mas que ainda aguardam uma resolução para o seu pedido).

Mais de oito em cada dez refugiados (85%) encontram-se em países em desenvolvimento, geralmente num país vizinho do seu território de origem.

A Europa recebeu menos de 10% dos que fugiram para o exterior. "Como europeu, isso é profundamente constrangedor e me envergonho de que a União Europeia não tenha conseguido chegar a um acordo sobre obrigações básicas, como a divisão da responsabilidade pelas pessoas que nela buscam abrigo", disse Grandi.

O Acnur destacou ainda que de 30 milhões a 34 milhões dos deslocados são crianças, e muitas dezenas de milhares encontram-se sozinhas, ou seja, sem a companhia dos pais ou de um familiar.

"Não se pode esperar que as pessoas vivam num estado de convulsão social durante anos a fio, sem uma hipótese de voltar para casa, nem com a esperança de construir um futuro onde se encontram. Precisamos de uma atitude fundamentalmente nova e mais aceitável em relação a todos os que fogem, juntamente com um esforço muito mais determinado para desbloquear conflitos que duram há anos e que estão na origem de um sofrimento enorme", apelou Grandi.

O relatório foi divulgado dois dias antes do Dia Mundial do Refugiado, em 20 de junho.

AS/lusa/ard/efe

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