São Paulo e Conmebol terão de pagar pensão de R$ 8 mil a torcedor atingido por placa no estádio
Ivan Bezerra da Silva teve traumatismo cranioencefálico com a queda da placa de metal; seus dois filhos também tiveram ferimentos
São Paulo FC e Conmebol terão de pagar pensão de R$ 8 mil e outras medidas a torcedores feridos no Morumbi, após queda de placa metálica em maio, resultando em graves sequelas para uma das vítimas.
O São Paulo Futebol Clube e a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) terão de pagar uma pensão mensal provisória de R$ 8 mil a três torcedores, conforme a determinação da Justiça. Eles foram atingidos por uma placa de metal que despencou do teto do Morumbis durante uma partida em maio deste ano.
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O Terra teve acesso a liminar concedida pela 3ª Vara Cível do Butantã, no processo movido por Ivan Bezerra da Silva, de 49 anos, e seus dois filhos. Os três tinham ido ao estádio para assistir ao clube em uma partida da Libertadores contra o Libertad, do Paraguai, no dia 15 de maio.
Em dado momento, a placa metálica caiu sobre o local onde eles estavam e os feriu. Ivan, que é caminhoneiro, perdeu a consciência, foi entubado e ficou sete dias desacordado. Ele teve traumatismo cranioencefálico, ficou internado na UTI do Hospital Albert Einstein e precisou passar por cirurgias. Ele ainda teve broncoaspiração pulmonar durante a internação.
À reportagem, o advogado da família, Eduardo Barbosa, contou que Ivan tinha uma renda mensal de R$ 12 mil, mas está impossibilitado de trabalhar devido às sequelas do acidente.
Atualmente, ele acumula uma dívida de mais de R$ 130 mil, decorrente do financiamento de seu caminhão e precisa de ajuda de familiares e amigos para conseguir sobreviver, além de pagar a pensão do filho menor de idade.
“Os documentos médicos juntados evidenciam, em cognição sumária, a gravidade do evento narrado, com submissão do autor Ivan a craniectomia descompressiva, drenagem de hematoma intracraniano e quadro neurológico relevante, além de afastamento das atividades laborais por período mínimo de 90 dias, conforme relatório médico recente”, aponta a juíza Mônica de Cassia Thomaz Perez Reis Lobo, ao determinar o pagamento da pensão por parte do clube e da organização de futebol.
A magistrada determinou, nesta segunda-feira, 15, além da pensão, também a inclusão dos filhos em plano de saúde, assegurando cobertura médico-hospitalar compatível com o tratamento necessário. Caso não sejam cumpridas as medidas, tanto o clube quanto a organização poderão pagar multa diária de R$ 1 mil.
O Terra procurou o São Paulo e a Conmebol, mas não teve retorno até o momento.
Sequelas permanentes
O advogado da família, Eduardo Barbosa, explicou à reportagem que Ivan teve sequelas neurológicas permanentes, como paralisia facial, lapsos de memória, descontrole motor, episódios de desequilíbrio e risco de convulsões, por isso, está impossibilitado de trabalhar. "Tem a questão psicológica e emocional que ele sofreu com esse abalo", aponta.
Em novembro de 2025, ele passou por uma cirurgia de cranioplastia e segue em reabilitação neurológica contínua, sem perspectiva de recuperação funcional integral. “Tem a questão do projeto de vida dele, de prosseguir com a empresa [que estava montando]. Ele estava contratando mais dois caminhões até que ele fez um financiamento”, reforça.
O advogado defende que o caso dele não foi um acidente previsível, mas uma falha grave de segurança. “Ivan entrou no estádio saudável, trabalhando e sustentando a família. Saiu com sequelas neurológicas permanentes, sem condições de voltar à profissão e em situação financeira crítica”, finalizou.
O caso também é investigado pela Polícia Civil como lesão corporal, além da esfera cível, na qual a família busca responsabilização pelos danos físicos, morais e materiais sofridos.
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