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Extrema direita avança na Europa

29 abr 2019 - 11h45
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Após as eleições do fim de semana da Espanha, apenas quatro países da UE não têm bancadas de ultradireita em seus parlamentos nacionais. Próxima meta dos eurocéticos é o Parlamento Europeu, a ser eleito no fim de maio.Depois de o partido Vox conseguir votos necessários para entrar no parlamento espanhol nestedomingo (28/04), Portugal, Irlanda, Luxemburgo e Malta permanecem como únicos quatro países da União Europeia (UE) ainda imunes à extrema direita. Esta tem agora como meta o Parlamento Europeu, cuja renovação será decidida nas eleições de 23 a 26 de maio.

Neonazistas em manifestação em Chemnitz, leste da Alemanha
Neonazistas em manifestação em Chemnitz, leste da Alemanha
Foto: DW / Deutsche Welle

Com cerca de 2,5 milhões de votos, pouco mais de 10% do eleitorado, o Vox obteve 24 cadeiras no Congresso, consagrando-se como a quinta força política do país. Com essa conquista num dos países com maior peso na EU, a heterogênea extrema direita europeia se faz presente em quase todos os 27 órgãos legislativos nacionais do clube comunitário.

A combinação de crise econômica e migratória, descrédito na política e desconfiança das instituições tem contribuído para o ressurgimento da direita radical e populista no Velho Continente. Inclusive na Alemanha, que passou a ter uma bancada de extrema direita no Bundestag nas eleições de 2017, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

Além disso, sozinha ou em coalizão, a extrema direita ou a direita tradicional, com tendências xenófobas e populistas, conseguiu chegar ao poder em nove países da UE.

Ela governa sozinha na Polônia, Hungria e República Tcheca, e em coalizão na Itália, Áustria, Finlândia, Letônia, Eslováquia e Bulgária. Na Dinamarca, o Partido Popular Dinamarquês dá apoio ocasional ao governo do liberal Lars Rasmussen. Sem esquecer que os ultradireitistas lutaram duro pelo poder em países como a França ou a Holanda, que têm longa tradição pró-europeia.

Os partidos sob a denominação de extrema direita são muito heterogêneos, pois incluem populistas, nacionalistas, ultraconservadores e até neonazistas.

Entre seus grandes representantes, está Marine Le Pen do Agrupamento Nacional (RN), na França, que entrou no segundo turno da última eleição presidencial, mas foi derrotada por Emmanuel Macron.

Na Itália, Matteo Salvini, vice-premiê, ministro do Interior e líder da Liga, conseguiu alcançar o poder graças à sua aliança com o Movimento 5 Estrelas. A partir dessa plataforma e com um domínio firme das redes sociais, ele tem se destacado como uma figura-chave.

Na Holanda, o chefe do Partido da Liberdade (PVV), Geert Wilders, que tinha prometido tirar a Holanda da UE caso chegasse ao poder, ganhou apenas 20 assentos em 2017, frustrando as expectativas de seus seguidores mais otimistas.

Na Hungria, Viktor Orbán governa desde 2010, com seu Fidesz. E o maior partido de oposição no país é o Jobbik, de tendência neofascista com estética paramilitar e xenófoba. Embora pertença à família do Partido Popular Europeu (PPE), Orbán decidirá após as eleições de maio se continuará nele ou não, já que foi criticado por suas reformas controversas dos sistemas de educação e judiciais, bem como pelas restrições a ONGs que trabalham com migrantes.

Na Polônia, o partido de Jaroslaw Kaczynski, Lei e Justiça (PiS), governa sozinho desde 2015. Bruxelas abriu no início de abril um processo disciplinar contra as autoridades da Polônia para proteger os juízes poloneses do controle político.

Na Áustria, o ultranacionalista e xenófobo Partido da Liberdade (FPÖ) de Heinz-Christian Strache é a terceira força, governando com o Partido Popular Austríaco (ÖVP) e dirigindo os ministérios do Exterior, Defesa e Interior.

Na República Tcheca, o bilionário Andrej Babis, líder da populista da Aliança dos Cidadãos Descontentes (ANO), suspeito de fraude com fundos da UE, governa sozinho, com o apoio de eurocéticos.

Até agora considerados marginais, os partidos de extrema direita estão de olho nas eleições europeias do fim de maio. Na última quinta-feira, partidos nacionalistas e xenófobos reuniram-se em Praga

para encenar sua aliança.

Liderados pela francesa Marine Le Pen, o italiano Matteo Salvini e o holandês Geert Wilders, o grupo quer impulsionar a aliança Europa das Nações e das Liberdades (ENF), para que o grupo se torne uma das principais forças do Parlamento Europeu.

Os líderes do partido racista belga Vlaams Belang e do Volya búlgaro também estiveram em Praga. E o anfitrião foi o tcheco Tomio Okamura, líder do Liberdade e Democracia Direta (SPD), que defende a saída da República Tcheca da UE.

Essa aliança inventada pelo ideólogo americano Steve Bannon, o arquiteto da vitória de Donald Trump, nos Estados Unidos, espera adicionar a suas fileiras o húngaro Orbán e o polonês Kaczynski, que atualmente compõem outros grupos políticos.

No início de abril, a Alternativa para a Alemanha (AfD), de Jörg Meuthen, e seus colegas Anders Vistisen, do Partido Popular Dinamarquês, e Olli Kotro, do Partido dos Verdadeiros Finlandeses, encenaram sua futura cooperação em Milão, com Salvini, para "mudar a Europa". Apesar de convidado, o espanhol Vox não compareceu.

De acordo com umapesquisa recente da Fundação Bertelsmann, cerca de 10% dos eleitores europeus pretendem apoiar partidos de extrema direita ou populistas de direita nas eleições para o Parlamento Europeu.

Segundo uma projeção baseada em sondagens nacionais, e somando os eurodeputados que os partidos envolvidos podem eleger, o novo ENF pode chegar aos 80 eurodeputados. Com isso, o grupo se tornaria a terceira maior força do Parlamento Europeu, depois do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), que deve conseguir 180 eurodeputados, e dos Socialistas & Democratas (S&D), com 149.

MD/efe/lusa

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