Em carta aos EUA, Alckmin fala em "indignação" e pede revisão de tarifa de 50%
Em resposta à decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o governo federal voltou a pressionar Washington. Em carta enviada na terça-feira (15), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, manifestaram "indignação" com a medida, apontando riscos ao comércio bilateral.
O documento foi direcionado ao secretário de Comércio Howard Lutnick e ao representante comercial Jamieson Greer, e retoma pontos de outra correspondência enviada em maio — ignorada até o momento, segundo o Itamaraty.
"O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto", diz o texto.
Qual o impacto real das tarifas sobre a relação Brasil-EUA?
Na nova carta, as autoridades brasileiras lembram que o Brasil já havia apresentado uma proposta confidencial no dia 16 de maio, com sugestões para um possível acordo. Segundo o governo, a intenção era construir uma saída negociada para o impasse comercial. Washington, no entanto, não deu retorno.
Apesar do silêncio dos norte-americanos, o tom do documento indica que Brasília ainda prefere o caminho diplomático. "O Brasil continua disposto a dialogar com as autoridades americanas e a negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países, além de mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas sobre nosso comércio bilateral", afirma o texto.
A decisão de elevar tarifas foi anunciada pelo presidente Donald Trump e é justificada por Washington como forma de reequilibrar relações comerciais. Os dados, no entanto, mostram cenário diferente: os Estados Unidos vendem mais ao Brasil do que compram. Só nos últimos 15 anos, o déficit acumulado do Brasil na balança de bens e serviços com os EUA ultrapassa US$ 400 bilhões, segundo números oficiais do governo americano.
Por fim, o governo brasileiro afirma que tentou abrir canais de diálogo ao longo do ano. "Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano", conclui o texto, mantendo a cobrança por uma resposta clara de Washington.