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PT não tem condições de abrir mão de Lula, diz Haddad

Em debate em São Paulo, ex-prefeito defende candidatura única dos partidos de esquerda nas eleições 2018

30 jun 2018 - 00h21
(atualizado às 09h32)
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Reunidos em um debate na noite desta sexta-feira (29) no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, coordenadores dos programas de governo do PCdoB, PDT, PT e PSOL passaram mais de duas horas concordando tudo. Não houve discordância alguma em propostas para reforma tributária, segurança pública, participação das mulheres e minorias no governo etc. O clima era de unidade total.

Fernando Haddad (PT), em seu escritório, em São Paulo
Fernando Haddad (PT), em seu escritório, em São Paulo
Foto: WERTHER SANTANA / Estadão

Os coordenadores falaram dos temas propostos de forma genérica e evitaram revelar propostas concretas. Isso fez com que o programa de governo se tornasse vetor para o debate sobre unidade eleitoral. A plateia do debate aplaudia a cada apelo por uma candidatura única dos partidos de esquerda nas eleições 2018 até que na última intervenção da noite o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, responsável pela organização das propostas do PT, trouxe todo mundo de volta à realidade da política eleitoral na qual cada partido tem seu próprio projeto.

"Como nós do PT podemos abrir mão do Lula? Não temos condição política, eleitoral, moral, programática. O PT não pode e não vai abrir mão de Luiz Inácio Lula da Silva", disse o ex-prefeito durante o debate O que nos une, organizado pelo movimento Quero Prévias.

Visto como possível plano "B" do PT caso Lula, preso desde abril em Curitiba, seja barrado pela Lei da Ficha Limpa, Haddad foi alvo de críticas internas do partido no início do ano quando se aproximou de Ciro Gomes (PDT). Alguns petistas achavam que ele queria se viabilizar como vice de Ciro.

Nos últimos meses, orientado por lideranças que conhecem os meandros do PT, Haddad se voltou para dentro do partido com o objetivo de vencer desconfianças. Se filiou à corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), participa mais da vida orgânica do PT, estreitou relações com petistas influentes na burocracia partidária como o tesoureiro Emídio de Souza e o deputado José Guimarães (PT-CE) e passou a ser ainda mais enfático na defesa pública da estratégia única de levar a candidatura de Lula até o limite da Justiça eleitoral.

No início do debate de sexta-feira Haddad abriu a única discordância ao dizer que "um dos nossos candidatos vai ganhar a eleição". "A centro esquerda vai ganhar a eleição", afirmou.

Pouco antes Luiz Fernandes, coordenador do programa do PCdoB, havia manifestado o temor de que o campo progressista fique fora do segundo turno. "O que eu temo é estejamos juntos, sim, mas fora do segundo turno", disse ele.

Nelson Marconi, coordenador do programa do PDT, foi na mesma linha. "Espero sinceramente que a gente consiga chegar aqui em um acordo que nos una", afirmou.

Já Natália Szermeta, representante do PSOL, adversário do PT e historicamente avesso a alianças, demarcou limites. "O debate mostrou que a esquerda tem legitimidade de mostrar candidaturas ao País. Existem muitas convergências sobre os retrocessos do governo Temer e do que é preciso reverter, mas também existem diferenças. Nós achamos que não há como avançar compondo com os mesmos. É preciso uma política de alianças com os movimentos sociais, não de governabilidade".

Na saída do evento, indagado se a postura do PT reduz a possibilidade eleitoral da esquerda em outubro, Haddad voltou a defender o nome de Lula. "Daqui 50 anos vamos dizer o que para os nossos netos? Que aceitamos isso que estão fazendo? Que é assim mesmo? O PT não abre mão de Lula. Tem precedentes no TSE (de políticos condenados em segunda instância que puderam se candidatar)".

Para o ex-prefeito, as chances de unidade da esquerda estão no segundo turno ou em um eventual governo, seja quem for o eleito.

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