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Em debate, pré-candidatos do PSDB tentam se distanciar do bolsonarismo

Encontro promovido pelo 'Estadão' com Doria, Leite e Virgílio expôs desconforto no partido com o posicionamento de parte da bancada tucana no Congresso alinhada com pautas e interesse do governo

12 nov 2021 - 18h33
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O debate promovido nesta sexta-feira, 12, pelo Estadão com ostrês pré-candidatos do PSDBà Presidência da República em 2022 expôs o desconforto no partido com o posicionamento de parte da bancada tucana no Congresso. O alinhamento de parlamentares da legenda com pautas e projetos de interesse do governo Jair Bolsonaro foi o principal motivo dos embates entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e alvo de críticas de Arthur Virgílio (AM). Os postulantes tucanos procuraram se distanciar do bolsonarismo e praticamente não citaram outros potenciais adversários ou mesmo o PT, rival histórico.

Ao responder sobre a postura do partido em relação à PEC dos precatórios, Doria chamou de "prática execrável" a proposta defendida pelo Palácio do Planalto que muda a regra do teto de gastos com o objetivo de abrir espaço no Orçamento do governo para pagar o Auxílio Brasil de R$ 400. Ele afirmou que sete parlamentares de São Paulo votaram contra a proposta, enquanto os representantes gaúchos foram a favor. De 32 deputados da bancada, 21 votaram favoráveis à PEC. "Os três paramentares do PSDB que você comanda no Rio Grande do Sul votaram com o governo Bolsonaro", destacou o paulista.

Leite argumentou que a bancada federal gaúcha é formada por dois deputados e sua liderança tem foco na Assembleia Legislativa do Estado. "O João acabou de falar sobre os deputados que ele comanda. Isso deixa clara a diferença do nosso tipo de atuação. Eu não comando deputados, eu busco convencer com argumentos, e sempre convenci a fazer as coisas certas e do jeito certo."

Os dois governadores do PSDB já fizeram mea culpa pela associação ou apoio declarado a Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018.

Virgílio também questionou Leite sobre a posição dos parlamentares gaúchos. "Não deixe que lhe preguem a fama de bolsonarista", afirmou.

No intervalo do evento, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, reconheceu que o tema fragiliza o partido. "Minha expectativa é que quando tivermos escolhido um candidato a presidente, que ele se tome de legitimidade para tratar com muito mais força de uma posição do partido nessa questão. Todos partidos perderam controle na relação direta com as bancadas."

Responsabilidade fiscal é defendida por candidatos tucanos

A responsabilidade fiscal costuma ser levantada como uma bandeira do partido. Arthur Virgílio defendeu reinserir o tripé macroeconômico, que balizou o governo de Fernando Henrique Cardoso: responsabilidade fiscal, controle da inflação através de metas e câmbio flutuante com manejo do banco central. O ex-senador também ressaltou que em um possível governo dele, não haverá espaço para as "emendas de relator".

Em resposta à mesma pergunta, Leite ressaltou que a responsabilidade com as contas deve estar atrelada à responsabilidade social e disse apostar no crescimento sustentado como alternativa para o combate às desigualdades. Também destacou um projeto de lei que circula na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul que pretende criar um teto de gastos no estado.

"Não faz sentido um partido que criou a Lei de Responsabilidade Fiscal ter posições dúbias ou posições para apoiar o rompimento do teto e da Lei de Responsabilidade Fiscal; pela mesma razão Dilma teve seu impeachment declarado pelo Congresso", disse Doria. Na sequência, ele provocou Eduardo Leite ao lembrar que parlamentares próximos do rival atuaram ao lado do governo na votação.

Doria defendeu a desestatização do Estado, e usou como exemplo as políticas aplicadas em São Paulo. Também reforçou que é favorável à proteção dos mais pobres e à educação. O governador de São Paulo ressaltou que a reforma administrativa do Estado viabilizou a reabertura de escolas. "No meu governo, a prioridade numero um, ao lado da geração de empregos, será a Educação", afirmou.

A votação no colégio eleitoral das prévias do PSDB está marcada para 21 de novembro.

Leite cita rejeição de Dorias nas pesquisas

Em mais de uma oportunidade, Leite reforçou a rejeição ao nome de Doria em contraste ao seu destacada em pesquisas. "Não estou discutindo se é justa ou injusta a rejeição, é um fato. E ela dificulta para o PSDB se comunicar com a população em uma eleição que já tem dois polos extremos", disse Leite.

Em outro momento no debate, o governador gaúcho insinuou que o PSDB paulista estaria constrangendo prefeitos a favorecer Doria na disputa pelas prévias do partido. "Há boatos de que você estaria constrangendo prefeitos com condicionamento de assinaturas e até suspendendo filiações de vereadores que declararam apoio (a mim)", disse Leite.

Doria desconversou as acusações de Leite, dizendo que ele estaria "nervoso" e que preferia falar sobre os programas previstos. "Se tem alguma tensão minha", respondeu Leite, "é a de ver meu partido sendo alvo de constrangimento. Isso me deixa nervoso e preocupado com o PSDB", respondeu Leite. /ADRIANA FERRAZ, PEDRO VENCESLAU, CAROLINA ERCOLIN, GUSTAVO QUEIROZ, CASSIA MIRANDA, NATÁLIA SANTOS e DAVI MEDEIROS

Estadão
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