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Alckmin tem números ruins no Sudeste

Pré-candidato tucano e ex-governador do Estado é o presidenciável com o pior desempenho em sua região de origem, aponta pesquisa Ibope

30 jun 2018 - 05h03
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O presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, tem o pior desempenho entre os principais pré-candidatos ao Palácio do Planalto nas eleições 2018 quando se avalia as intenções de voto de cada um na sua região de origem, segundo o mais recente levantamento CNI/Ibope.

Ex-governador de São Paulo, Estado que comandou por mais de 13 anos, Alckmin registrou 8 pontos porcentuais na região Sudeste, contra 12 pontos, por exemplo, de Alvaro Dias (Podemos) no Sul e 17 de Marina Silva (Rede) no Norte/Centro-Oeste.

Para especialistas ouvidos pelo Estado, esse resultado ajuda a explicar porque a candidatura do tucano enfrenta resistências também nacionalmente.

Nos cálculos do cientista político Murilo Aragão, da consultoria Arko Advice, Alckmin chegaria a 10% ou 12% nas pesquisas nacionais de intenção de voto (e não o intervalo atual, de 4% a 6%) caso registrasse o mesmo patamar alcançado pelo pré-candidato tucano João Doria nos levantamentos para governo do Estado (cerca de 25%).

"Isso mudaria a situação dele, faria com que sua candidatura fosse menos questionada. Mas Alckmin não fez a lição de casa e agora o sinal de alerta está aceso. É só lembrar que Aécio Neves perdeu a eleição em 2014 justamente em Minas Gerais, seu berço político", disse.

Divulgada nesta quinta-feira, 28, a pesquisa confirma a percepção da própria campanha tucana de que Jair Bolsonaro (PSL) é o maior "ladrão" dos votos do PSDB no Sudeste. Enquanto Alckmin tem 8%, o deputado - que é paulista, mas fez carreira política no Rio -, chega a 19%, mais que o dobro. Não é à toa que os perfis do pré-candidato tucano nas redes sociais atacam diretamente o parlamentar.

A situação confortável de Bolsonaro e Alvaro Dias, no Sul, também é preocupante para a campanha de Alckmin. Diferentemente do Sudeste, que tradicionalmente se divide entre PT e PSDB, os eleitores de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul sempre dão vitória aos tucanos quando o embate é direto. Nestas eleições, no entanto, com a pulverização de candidaturas à Presidência, Bolsonaro tem 21% no Sul e Alckmin, 4%.

"Se você não está bem em casa, como vai pedir apoio para o vizinho?", questionou Dias, que é senador pelo Paraná e ex-governador do Estado. Para o presidenciável do Podemos, todo político deve cuidar do quintal de casa. "Sempre fiz essa reflexão."

Dificuldades de Alckmin passam por indefinição sobre palanque estadual

Para a professora de ciências políticas da PUC-SP Vera Chaia, as dificuldades de Alckmin passam pela indefinição dele em relação ao palanque estadual paulista. "Quem é seu candidato, afinal? É Doria ou o atual governador, Márcio França, que lhe sucedeu? Pode não parecer, mas essa divisão complica sua situação no Estado", afirmou.

Vera Chaia ainda cita outros dois fatores que devem ser considerados quando se fala do desempenho de Alckmin no Sudeste e mais especificamente em São Paulo. "O PSDB governou o Estado por 24 anos e, desses, 13 foram sob Alckmin. Isso desgasta tanto ele como o partido. E tem mais uma coisa: ele não tem mesmo carisma nenhum. Ciro é explosivo, Bolsonaro é radical, porém, claro em suas ideias. E, Alckmin? Some por não se posicionar."

A mesma pesquisa, no entanto, mostra que a rejeição do tucano é de 22%, menor em relação a de Bolsonaro, com 32% e a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que registra 31%. "O eleitor de São Paulo é mais politizado, avalia mais desempenho do que bairrismo. Isso pode ajudar Alckmin, mas desde que ele desenvolva uma narrativa, mostre seus resultados na áreas fiscal e de segurança, por exemplo. Também precisa começar a se posicionar mais, investir numa pré-campanha digital e não mais analógica. Daí vai se diferenciar e pode, sim, se recuperar a tempo", completa Aragão.

Coordenador do programa de governo do tucano, Luiz Felipe d'Avila disse que os dados não preocupam neste momento. "Estamos focados na elaboração de propostas e na construção de alianças com outros partidos. Esses sim são fatores que serão decisivos para crescer nas pesquisas quando a eleição começar em agosto."

Estadão
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