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Na pandemia, universidades corporativas focam na real necessidade do funcionário

Como consequência, empresas veem crescer participação em cursos e agora têm o desafio de manter o engajamento de seus colaboradores

29 out 2020 - 13h01
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As universidades corporativas tiveram de acelerar o processo de transformação digital durante a pandemia. Foi preciso criar novos conteúdos online, ampliar as plataformas e olhar com mais atenção para a demanda dos colaboradores. Como resultado, as empresas sentiram um aumento substancial no interesse pelos cursos e enfrentam agora o desafio de manter esse engajamento no aprendizado no pós-pandemia.

O caso de Erdman Correa, de 32 anos, responsável pela comunicação interna do Grupo Sabin, exemplifica bem o que aconteceu na pandemia. Na empresa há seis anos, ele nunca havia participado de um curso da universidade corporativa até o início de 2020.

Na companhia, com a disseminação do coronavírus, o volume de trabalho quadruplicou: as dezenas de clínicas de diagnóstico situadas em 13 Estados brasileiros tiveram de ser fechadas às pressas, e funcionários precisaram mudar o formato de trabalho e realizar atendimento em domicílio. Foram necessários novos treinamentos, novos equipamentos de proteção e também uma nova maneira de se comunicar.

"Começamos a receber muitas solicitações da equipe da universidade corporativa para fazer comunicados sobre novos cursos. De tanto produzir esses materiais, fiquei curioso e pensei: 'Deixa eu entrar em um para ver como é'", diz Correa.

O primeiro curso que chamou a atenção de Correa foi Diversidade nas Organizações, que mostra como as diferenças individuais podem levar ao surgimento de ideias e soluções originais. "Gostei da forma como ele foi estruturado, com sugestões de filmes. Isso me fez procurar outros cursos. Acabei fazendo mais cinco, seis de uma só vez."

Curtos e leves

De maneira geral, as universidades corporativas apostam em cursos de duração mais curta, entre 5 e 30 minutos, e com metodologia mais leve. O conteúdo pode ser acessado pelo celular, tablete ou computador. Há aulas básicas e super rápidas, como assepsia da mão, e outras mais complexas, como Liderança em Times Remotos e Comunicação Não Violenta - as duas, sucesso de público em diversas empresas durante a pandemia.

No Grupo Sabin, que tem 5,7 mil funcionários, foram investidos no último ano R$ 1,4 milhão para oferecer ensinamentos específicos aos seus colaboradores. Por causa do coronavírus, o foco em 2020 mudou substancialmente para o online. A UniSabin, universidade corporativa do Grupo Sabin, existe desde 2009.

A gerente de desenvolvimento humano do grupo, Karine Hepp, conta que conseguiu aumentar a mobilização dos funcionários ao buscar conteúdo com base nas demandas que surgiram.

A adesão aos cursos subiu de 80% em 2019 para 93% em 2020. "Houve uma procura e um engajamento muito maior nas nossas ações. Sentimos que todos querem aprender mais, saber mais. As ações presenciais não tinham engajamento tão grande como o online", disse Karine.

Engajamento

O Santander foi outra empresa que viu aumentar a demanda pelos cursos online nos últimos meses. "Houve crescimento de 30%. Devemos fechar o ano batendo 2,5 milhões de acessos no canal digital da Academia Santander", afirmou o superintendente executivo de Recursos Humanos, Ricardo Brêtas.

A universidade corporativa do banco atua em três frentes: digital (conteúdos on demand), virtual (aulas online, ao vivo) e presencial, com cinco unidades pelo Brasil - São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife. De março a agosto, as portas dessas salas de aula ficaram fechadas, mas a demanda pelos cursos aumentou. Brêtas acredita que um dos fatores foi o home office.

O Santander também ampliou os temas e estimulou os funcionários a aprender. "Foram cem cursos a mais elaborados durante a pandemia. Faz parte de um trabalho muito forte que estruturamos no guarda-chuva de cultura organizacional. Do aprendizado contínuo (lifelong learning), de aprender e reaprender o tempo todo. Isso a gente já faz algum tempo. A pandemia só veio a colaborar com esse tipo de pensamento, houve um processo de aceleração de amadurecimento da cultura organizacional", afirmou.

Maior atratividade

A universidade corporativa da Petrobrás teve incremento de 65% no número de participações em suas ações na pandemia. Foram 111,5 mil acessos em 2020 ante 68 mil no mesmo período de 2019. Por meio de nota, a empresa informou que "parte desse aumento se deve ao investimento na produção de cursos mais atrativos de EAD (ensino a distância) e na preparação dos docentes para o ambiente virtual."

Nos primeiros meses do coronavírus, a Petrobrás precisou rever processos, rotinas operacionais e investir em novas tecnologias e metodologias. "Em função desses aprimoramentos, hoje estamos fazendo turmas que possuem alto grau de especialização na carreira e com conteúdos complexos, como cursos de formação para técnicos de operação, todo realizado com aulas ao vivo; cursos com a utilização de simuladores; e outros de alto teor técnico, quebrando paradigmas de que eles só poderiam ser realizados presencialmente."

Acelerador de tendências

A transformação digital nos cursos já vinha acontecendo, mas a pandemia intensificou o processo. A pesquisa mais recente sobre universidades corporativas da Fundação Instituto de Administração (FIA) é de 2018 e deixa claro esse avanço pelo aprendizado digital.

Em 2012, o ensino a distância estava presente em 33% das empresas com universidades. Seis anos depois, o porcentual saltou para 89% - na ocasião foram ouvidas 93 organizações, com perfis distintos. A pesquisa foi encabeçada pela especialista em educação corporativa e professora da FIA Marisa Eboli.

Mas para que os cursos e o trabalho a distância funcionem, Marisa diz também que é fundamental a existência do presencial. Pode parecer antagônico, mas ela explica. "O físico, o encontro casual, precisa existir pelo menos dois dias por semana, para que a comunicação seja mais adequada. Os insights estão muito ligados à comunicação verbal presencial. Epifania é fundamental para criatividade e inovação."

Na opinião dela, a principal lição tirada da pandemia está na maneira como a empresa tem de olhar para os funcionários. "Continue olhando estratégia e competências individuais, mas não esqueça nunca de mirar as necessidades das pessoas, do ponto de vista humano. É o grande aprendizado da educação corporativa pós-pandemia. Estamos todos mais atentos para aprender, porque estamos mais sensíveis. Esse é o ponto que as empresas vão ter que olhar."

A diretora de educação corporativa do UOL EdTech, Marisa Nannini, acrescenta que a pandemia criou uma urgência e mudou as prioridades dos projetos.

O Uol EdTech teve aumento de 65% nas demandas de programas de treinamento digital e aquisição de novas habilidades neste ano. A empresa possui atualmente 367 clientes ativos. Na carteira, são mais de mil as empresas em que eles ajudam na arquitetura da educação corporativa, na parte de consultoria educacional e nas soluções da plataforma.

"O desafio dos RHs no pós-pandemia vai ser estabelecer agora um meio termo. As empresas têm modelo de negócio de natureza que não dá para ser a vida inteira remota. É preciso procurar pontos de equilíbrio para segurar a caminhada e para questão de aprendizagem. O treinamento tem de ser feito quando o colaborador se sentir mais confortável, a restrição acabou por terra. O excesso de controle, esse acompanhamento que antes havia, já está sendo flexibilizado", disse Marisa.

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Estadão
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