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Brasileiro descobre gene que reduz idade biológica em até 10 anos: 'Sonho é acabar com 90% das doenças'

Estudo é realizado na Inglaterra e abre caminhos promissores para terapias personalizadas contra doenças associadas ao envelhecimento

25 ago 2025 - 04h59
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Resumo
Brasileiro lidera pesquisa na Inglaterra que identificou um gene capaz de reverter em até 10 anos a idade biológica, abrindo caminhos para terapias contra doenças relacionadas ao envelhecimento.
Lucas lidera uma pesquisa na Inglaterra capaz de reduzir em até 10 anos a idade biológica
Lucas lidera uma pesquisa na Inglaterra capaz de reduzir em até 10 anos a idade biológica
Foto: Arquivo pessoal

Aos 26 anos, o brasileiro Lucas Paulo de Lima Camillo lidera uma pesquisa na Inglaterra que identificou um gene humano capaz de reverter em até 10 anos a idade biológica em células tratadas. O estudo utiliza dados genéticos e Inteligência Artificial (IA). 

Essa descoberta abre caminhos promissores para terapias personalizadas contra doenças associadas ao envelhecimento, promovendo qualidade de vida às pessoas e uma longevidade saudável.

"A maior parte dos atendimentos no sistema de saúde, não só nos Estados Unidos e na Europa, mas também no Brasil, é relacionada a doenças causadas pelo envelhecimento: diabetes, doenças cardiovasculares, demência. Estudar essa área do envelhecimento para tentar prevenir ou retardar essas doenças tem um impacto muito grande na área de saúde", diz Lucas em entrevista ao Terra.

"O sonho com essa pesquisa é acabar com 90% das doenças que atingem a humanidade. É uma revolução de medicina preventiva", afirma. "A gente vai precisar testar mais a fundo para cada doença especificamente, mas o objetivo é justamente você ter um único tratamento que consiga atacar todas as doenças relacionadas ao envelhecimento ao mesmo tempo."

Natural de Brasília, o jovem viveu por mais de 15 anos no Rio de Janeiro e, atualmente, mora em Cambridge. O pesquisador ocupa a posição de chefe de IA na startup britânica Shift Bioscience.

Mas o que é a idade biológica?

Mais conhecida, a idade cronológica é aquela contada em anos desde o nascimento. Diferente dela, a idade biológica indica o estado de saúde real das células e tecidos, e do grau de envelhecimento do corpo da pessoa.

A idade biológica leva em conta uma série de fatores: desgaste das células com o avançar da idade, eficiência dos sistemas internos, genética, exposição acumulada a estresse, alimentação, sono, doenças e estilo de vida do indivíduo.

Na prática, funciona assim: duas pessoas que têm a mesma idade cronológica, 30 anos, por exemplo, podem ter idades biológicas muito distintas. Considerando todos os fatores que interferem, uma delas pode apresentar características típicas de um corpo mais jovem, enquanto a outra pode demonstrar sinais de envelhecimento avançado.

O estudo utiliza dados genéticos e Inteligência Artificial (IA)
O estudo utiliza dados genéticos e Inteligência Artificial (IA)
Foto: Arquivo pessoal

O estudo comandado pelo brasileiro

Lucas explica que, no passado, já foram descobertos pela ciência quatro genes que têm um "poder incrível" de rejuvenescimento das células. No entanto, pesquisas mostraram que eles não são seguros para colocar em organismos, uma vez que esses genes transformavam todas as células especializadas em células-tronco.

"A gente tem células do coração, do cérebro, e são células especializadas em funções diferentes no nosso corpo. Se todas essas células virarem células-tronco, esses órgãos começam a perder suas funções", detalha o pesquisador. A partir disso, em 2021, ele começou a tentar encontrar outros genes como alternativa a esses quatro, que tragam segurança no tratamento das células e elas não percam suas funções.

O genoma humano conta com cerca de 20 mil genes. Como são muitos e ficaria inviável para testar todas as combinações em laboratório, a solução foi criar modelos de IA que consigam simular o efeito da ativação desses genes.

"Fazemos isso no computador. Basicamente perguntamos se a gente ativar gene A e B, qual é a idade biológica que será prevista por esses algoritmos que temos." Entre as ferramentas usadas, está inclusive uma também criada pelo brasileiro que faz a previsão da idade biológica.

"Ao fazer as simulações de várias combinações de genes diferentes, a gente percebeu logo no início que vários coquetéis que tinham a previsão de reduzir a idade biológica pelo computador levavam o mesmo gene comum. Então, resolvemos testar ele sozinho", diz Lucas.

O gene humano identificado, cujo nome não é divulgado pela empresa, recebeu o apelido de SB000 pelos pesquisadores
O gene humano identificado, cujo nome não é divulgado pela empresa, recebeu o apelido de SB000 pelos pesquisadores
Foto: Arquivo pessoal

Os testes com o gene SB000

O gene humano identificado, cujo nome não é divulgado pela empresa, recebeu o apelido de SB000 pelos pesquisadores e foi testado em laboratório, em células humanas coletadas de diferentes doadores. Os resultados indicam que o potencial de rejuvenescimento é altamente possível.

"Para nossa surpresa, esse gene único consegue reduzir a idade nas células humanas que a gente tem. Isso tudo no tubo de ensaio, mas usando diversas maneiras diferentes de medir a idade biológica", afirma.

Segundo Lucas, o SB000 foi testado em vários tipos de células humanas, que são encontradas na pele e em outros tecidos dentro do corpo. "A gente colocou esse gene e fez um tratamento durante seis semanas. Depois disso, medimos a idade biológica de vários modos distintos para ver se realmente o tratamento tinha funcionado. E em vários relógios biológicos -- validados por outros laboratórios e universidades --, deram menos 10 anos, por exemplo."

"Mas o principal é fazer isso de forma segura. Por isso, medimos também a função dessas células e vimos que elas não estavam se transformando em células-tronco, diferentemente do outro tratamento com quatro genes", acrescenta. 

O cientista conta que eles mediram ainda outras variáveis relacionadas ao funcionamento da célula. "Por exemplo, nas células de pele, a gente mediu a produção de colágeno. Conforme vai passando o tempo, a gente vai diminuindo a produção do colágeno. Vimos que, depois de seis semanas deste tratamento, também aumentou a produção de colágeno. Então, não é algo que a gente mede só no algoritmo, menos 10 anos, é algo que realmente tem chance de ter um impacto positivo em termos de função."

Atualmente, Lucas faz Medicina na Universidade de Cambridge, na Inglaterra
Atualmente, Lucas faz Medicina na Universidade de Cambridge, na Inglaterra
Foto: Arquivo pessoal

Estágio da pesquisa

O estudo está na etapa de preprint, em que já foi divulgado em plataforma digital antes de ser submetido a revistas científicas. Lucas comenta que, agora, está fazendo os primeiros estudos em camundongos para testar a segurança. "Estamos aguardando ainda os resultados, mas parece que vai ser positivo. Já passaram várias semanas e não teve nenhuma reação adversa."

"De segurança, a gente vai ter o resultado de forma rápida. Em termos de eficácia do rejuvenescimento, isso talvez demore um pouco mais de tempo, provavelmente de seis meses a um ano", afirma.

Dependendo dos resultados em camundongos, outros testes deverão ser feitos até serem realizados em humanos. "Se for tudo positivo, eu imaginaria que daqui uns cinco anos para testar em humanos."

Jornada científica do brasileiro

  • Lucas estudou em escolas particulares no Rio de Janeiro. Desde o ensino fundamental, participou de várias olimpíadas científicas, o que o motivou a seguir uma trajetória mais acadêmica e com pesquisas.
  • Durante o ensino médio já tinha a pretensão de estudar no exterior. Com isso, no final do terceiro ano, com o apoio de um programa de mentorias, aplicou para diversas faculdades norte-americanas.
  • Foi aprovado e ingressou no curso de Bioquímica na Universidade Brown, nos Estados Unidos. Como o currículo da graduação não é fixo, além das matérias de bioquímica, cursou disciplinas de Física, Matemática, Ciência da Computação, entre outras áreas.
  • No primeiro ano da faculdade, o jovem começou a fazer pesquisas e trabalhou em um laboratório que estudava biologia do envelhecimento. Além disso, fez um intercâmbio na Universidade de Oxford, na Inglaterra, para estudar Bioquímica e Ciências da Computação.
  • Antes de terminar a graduação em Brown, começou uma pesquisa de Biologia Computacional, também nessa área de envelhecimento. No estudo, desenvolveu as ferramentas de previsão de idade biológica de pessoas.
  • Após a graduação, em 2021, o brasileiro iniciou o curso de Medicina na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, onde está matriculado atualmente.
  • Ele é bolsista da Fundação Estudar, organização que apoia talentos com alto potencial de impacto. Em 2022, foi selecionado pelo programa Tech Fellow e conquistou bolsa para cursar Medicina.

"Fazer todos esses cursos, com diversas matérias relacionadas uma à outra, consegue me dar uma base para as pesquisas. O maior objetivo com isso é ter um impacto nessa área de saúde", comenta Lucas.

Fonte: Redação Terra
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