BA: aluna diz que foi obrigada a pôr testículos de boi na boca em trote
A estudante, que é alérgica, começou a passar mal durante o trote e desmaiou, sendo levada para a enfermaria da universidade, onde teria recebido apenas café e biscoito
Uma estudante de agronomia de 22 anos diz ter sido obrigada a chupar testículos e pênis de boi durante trote na Universidade Estadual do Sudoeste (Uesb) na última sexta-feira
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra
De acordo com depoimento da estudante ao Ministério Público, ela estava na segunda semana de aula quando resolveu participar do trote por pressão dos colegas veteranos
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra
Durante a brincadeira, a estudante que prefere não ter sua identidade revelada e outros colegas foram colocados para andar de elefantinho
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra
Alunos do 3º e 4º semestres de agronomia também tiveram de chupar testículos e pênis de boi, de acordo com depoimento da estudante ao Ministério Público
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra
A estudante desconfia que o pênis do boi estivesse melado com sêmen humano - e teriam dito a ela que aquele pênis ainda nem é o de verdade
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
A Polícia Civil da Bahia investigará a partir desta terça-feira denúncia feita ao Ministério Público por uma estudante de Agronomia de 22 anos que diz ter sido obrigada a pôr na boca testículos e pênis de boi durante trote na Universidade Estadual do Sudoeste (Uesb), campus de Vitória da Conquista, no sudoeste do Estado.
O caso ocorreu na sexta-feira passada. De acordo com depoimento da estudante ao Ministério Público, ela estava na segunda semana de aula do 1º semestre quando foi pressionada a participar do trote pelos colegas. Ainda segundo o relato, os veteranos disseram que se ela não participasse, seria pior. A aluna aceitou, mas teria dito que era "alérgica a tudo".
Durante a brincadeira, a estudante que prefere não ter sua identidade revelada e outros colegas calouros foram colocados para andar de "elefantinho" (de mãos dadas uns com os outros e com as mãos passando por debaixo das pernas) e depois tiveram de pôr na boca testículos e pênis de boi. Aplicavam o trote alunos do 3º e do 4º semestre de Agronomia, que teriam dito que aquele órgão "nem era o de verdade". A estudante, no entanto, desconfia que o membro estivesse coberto com sêmen humano.
Para finalizar a "brincadeira", a garota conta que os veteranos prepararam um líquido que seria a mistura de "mata bicheira", produto usado em bovinos, e urina de animal, obrigando os calouros a fazer bochecho com o produto. Logo depois, a estudante começou a ter reações alérgicas e chegou a desmaiar, tendo sido levada para a enfermaria da universidade, onde teria recebido apenas café e biscoito, que ela nem conseguiu engolir porque teria começado a sair sangue da língua. Mesmo nessas condições, ela saiu da universidade e foi para Brumado, sua cidade-natal.
A estudante está sendo acompanhada pela Comissão de Direitos da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para a advogada Michelly Leão, pode ter ocorrido no caso "lesão corporal, estupro por ato diverso de conjunção carnal e tentativa de homicídio doloso, por dolo eventual, porque sabiam que ela tinha alergia e a colocaram para bochechar com mata bicheira".
Ainda segundo a advogada, a Uesb pode responder por "omissão de socorro, pois eles não souberam lidar com a situação". Procurada, a assessoria de comunicação da universidade informou que não poderia se pronunciar porque o reitor está em viagem.
A universidade, porém, reconheceu que o trote ocorreu e que o caso está sendo analisado internamente. A enfermeira Maria da Paixão, que atendeu a estudante, e o presidente do Centro Acadêmico de Agronomia, Ednaldo Dantas, do 7º semestre do curso, disseram que não dariam declarações.
A delegada responsável pelo caso, Tânia Silveira Santana Santos, disse que aguarda apenas a chegada do ofício do Ministério Público para abrir as investigações. O documento não foi enviado na segunda por causa da paralisação de 24h dos policiais civis da Bahia.
A promotora Carla Medeiros, que ouviu o depoimento da estudante, qualificou o trote como "muito violento, podendo configurar lesão corporal". Estudantes do curso também não quiseram falar sobre o assunto. Depois do caso, o clima entre eles é de muita apreensão.
Desde setembro de 2008 os trotes são proibidos na Uesb. Seguranças da universidade disseram, porém, que a orientação é para que não se envolvam nas "brincadeiras" dos alunos.
Nudez, lama e racismo: veja trotes polêmicos pelo Brasil
Vestindo apenas cueca e com uma máscara sobre a cabeça, cobrindo seu rosto, jovem participa de trote em São Paulo. Na manhã da última quarta-feira (20), ele teve de atravessar a Avenida Paulista agindo de maneira irreverente. Confira, nas imagens a seguir, alguns trotes polêmicos feitos para receber calouros em universidades brasileiras neste ano
Foto: J. Duran Machfee / Futura Press
Ele esperou o semáforo fechar e, no meio da faixa de pedestres, corria de um lado para o outro abordando pessoas
Foto: J. Duran Machfee / Futura Press
Em trajes sumários e escondido sob a máscara, o estudante chamou a atenção de pedestres e motoristas na Avenida Paulista
Foto: J. Duran Machfee / Futura Press
A brincadeira faz parte de uma gincana de calouros que estaria sendo realizada por estudantes da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo
Foto: J. Duran Machfee / Futura Press
Entre as peripécias, o jovem - que seria calouro do curso de Administração da FGV-SP - dava cambalhotas no chão
Foto: J. Duran Machfee / Futura Press
A brincadeira inusitada ocorreu em meio à movimentada Avenida Paulista no final da manhã de quarta-feira (20)
Foto: J. Duran Machfee / Futura Press
As pessoas reagiram com surpresa à brincadeira em São Paulo. O trote - para o qual o aluno teria se voluntariado - é defendido como parte de uma tradicional gincana de calouros
Foto: J. Duran Machfee / Futura Press
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou nota de repúdio ao suposto trote realizado por estudantes da Faculdade de Direito no dia 15 de março, durante a recepção aos calouros no prédio que fica localizado na região central de Belo Horizonte. Na primeira imagem, uma jovem está pintada de preto com um cartaz de papelão escrito "Caloura Chica da Silva". A moça está acorrentada pelas mãos e um rapaz de pele clara sorri enquanto segura a corrente
Jovem aparece acorrentada, com o corpo pintado e carregando uma placa na qual se lê Caloura Chica da Silva
Foto: Facebook / Reprodução
Na segunda foto, um estudante está pintado de tinta vermelha e amarrado a uma pilastra enrolado por uma faixa de plástico utilizada em isolamento de acessos. Ao lado e também sorrindo, três estudantes fazem um gesto nazista, com a mão direita estendida para frente. Um deles chegou a colocar um bigode postiço semelhante ao que usava o ditador alemão Adolf Hitler.
Foto: Facebook / Reprodução
Estudantes do curso de direito da UFMG bateram boca após assembleia realizada no dia 19 de março para discutir a repercussão do trote feito por veteranos
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
O estudante Caio Perrone (esq.) negou que o trote tivesse conotação racista. Segundo ele, as brincadeiras são normais
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Segundo o presidente do Centro Acadêmico, Felipe Gallo, atitudes de combate a esse tipo de trote serão tomadas
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
A unidade de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) confirmou que os estudantes que ficaram nus durante um trote no final de fevereiro podem ser expulsos da instituição. Na foto, um estudante simula sexo com boneca inflável
Foto: Frente Feminista / Divulgação
Além de tirar a roupa e mostrar os órgãos sexuais, os alunos teriam feito gestos obscenos contra um grupo de feministas que protestava contra o "Miss Bixete", uma espécie de concurso de beleza a que as novatas são submetidas. Na foto, jovem protesta contra o desfile
Foto: Frente Feminista / Divulgação
Em nota, o Coletivo de Mulheres disse que o Miss Bixete é um concurso pensado para reproduzir "o padrão das mulheres como mero objeto ao fetiche masculino". O desfile aconteceu no dia 26 de fevereiro
Foto: Frente Feminista / Divulgação
O grupo decidiu protestar, de forma pacífica, a um ato questionável feito dentro do espaço público da universidade. "Desde o princípio, no entanto, sofremos todos os tipos de agressão verbal e simbólica"
Foto: Frente Feminista / Divulgação
A USP abriu uma investigação para apurar o que aconteceu e os alunos envolvidos podem ser punidos com advertência ou até com expulsão
Foto: Frente Feminista / Divulgação
No entanto, nem todos os trotes são polêmicos nas universidades do Brasil. Em 18 de fevereiro, estudantes aprovados na seleção da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) foram recebidos com os tradicionais banhos de lama e tinta
Foto: Bruno Santos / Terra
No primeiro dia de matrícula, alunos aprovados para estudar na Universidade de São Paulo (USP) foram recebidos com muita tinta e banho de lama
Foto: Bruno Santos / Terra
Estudantes participam de trote no dia da matrícula na USP, em São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra
Além do banho de lama, os alunos também participavam de brincadeiras como futebol de sabão e "guerra" de cotonetes
Foto: Bruno Santos / Terra
O corte de cabelo era feito, segundo os veteranos, somente nos calouros que aceitavam passar a tesoura
Foto: Bruno Santos / Terra
Ninguém era pressionado a fazer o que não queria, de acordo com os estudantes
Foto: Bruno Santos / Terra
'O trote está tranquilo, não tem maldade', garantiu Bruno Bogato, 17 anos, que vai cursar mecânica naval
Foto: Bruno Santos / Terra
Fernando Caputo (esq.), 20 anos, Willian Murasawa (centro), 28 anos, e Lucas Pereira, 19 anos disseram que ninguém 'pegou pesado' no trote
Foto: Bruno Santos / Terra
O banho de lama já é tradicional no trote da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), na capital paulista
Foto: Bruno Santos / Terra
Estudantes participam de trote no dia da matrícula na USP, em São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra
Estudantes participam de trote no dia da matrícula na USP, em São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra
Estudantes participam de trote no dia da matrícula na USP, em São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra
Estudantes participam de trote no dia da matrícula na USP, em São Paulo