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Dezenas de jovens em liberdade
assistida da Fundação Estadual do Bem-Estar
do Menor (Febem) estão sendo assassinados a
cada mês. Segundo a instituição,
de maio de 1999 a maio deste ano foram 184. Desses,
67 teriam sido mortos por envolvimento com drogas
e 13 pela polícia. De maio de 97 a maio de
98, o total era de 103.
Para a presidente da associação de
mães da Febem, Conceição Paganele,
as mortes são reflexo da falta de perspectivas.
"É difícil para os garotos recomeçarem
a vida, pois faltam empregos e sobra preconceito."
Nas famílias que sofrem as perdas, é
como se os assassinatos fossem pesadelos. "Vivo
como num sonho", diz a manicure Miriam Pereira.
No dia 27 de março, seu filho mais velho, J.,
de 17 anos, foi morto por um policial aposentado,
após tentar roubar seu carro. Ele tinha saído
da Febem em março, depois de quatro meses internado.
Motivo: roubo para manter o vício em cocaína.
Em julho, J. saiu em liberdade assistida e, em outubro,
sua mãe o internou numa clínica de recuperação.
"Mesmo na Febem ele continuou usando drogas",
denuncia. J. ficou lá até o começo
de março, quando fugiu. Dias depois, foi assassinado.
"Aqui no bairro já morreram seis além
de meu filho." Além de J., os outros dois
filhos de Miriam, com 14 e 16 anos, também
são infratores.
Redação
Terra / O Estado de S. Paulo
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