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Quem já tentou pôr
o Estatuto da Criança e do Adolescente em prática
comemora os resultados. É o caso do juiz da
Vara da Infância e da Juventude de Belém
(PA), Paulo Sérgio Frota e Silva. Aos 51 anos,
ele recebeu em 1995 o Prêmio Criança
e Paz, do Unicef, e, no ano passado, o Prêmio
Sócio-Educando, do Ilanud. Motivo: consegue
tirar do papel de maneira correta as medidas sócio-educativas.
O ECA prevê advertência, obrigação
de reparar o dano, prestação de serviços
à comunidade, semi-liberdade e liberdade assistida
antes da internação. Por isso, segundo
Silva, essa última só deve ser usada
realmente para casos graves e de reincidência.
"Há pessoas no Brasil que, em nome de
amor, compaixão e justiça, têm
feito cruezas contra adolescentes", denuncia.
"O grande segredo é a dosimetria da medida:
se dermos aspirina a quem tem câncer, faremos
com que o doente morra mais rápido; ao contrário,
se dermos para quem tem simples resfriado uma droga
pesada, poderemos causar mais problemas."
Autor do Guia do Adolescente Internado, o
juiz defende que é preciso abandonar o chavão
de que as crianças são o futuro do País.
"Elas são o presente", afirma. "Se
houver demora, o tempo passa, a criança cresce
e ela é como uma imagem de gesso que vai sendo
moldada: se você moldar errado, depois de secar,
ela não servirá para nada."
Redação
Terra / O Estado de S. Paulo
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