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Coronavírus

"Só papai do céu me tira daqui, mais ninguém", diz Bolsonaro

A apoiadores, presidente afirma que vão ter de 'aturá-lo' apesar dos problemas do País e que é preciso fazer 'milagre' para governar com poucos recursos

11 jan 2021 - 18h39
(atualizado às 19h19)
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Após ter dito na semana passada que o "Brasil está quebrado", o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 11, que precisa fazer "milagre" para governar com poucos recursos e disse que, apesar dos problemas, é "imbrochável". "Vão ter que me aturar, só papai do céu me tira daqui. Mais ninguém", afirmou a apoiadores no Palácio da Alvorada.

Foto: Gabriela Biló / Estadão

"Logicamente você não vai ter nunca um presidente perfeito. Mas tem que fazer comparações. Dois anos sem nenhum escândalo de corrupção. Cada vez menos recursos com a lei do teto e fazendo mais. Alguns querem que eu minta 'ah, o Brasil está uma maravilha'. Não está uma maravilha", afirmou. "Alguns querem que com poucos recursos eu faça milagres."

Na terça-feira passada, 5, Bolsonaro disse também a apoiadores que não conseguiu "fazer nada" no governo e atribuiu à pandemia da covid-19 o motivo para não conseguir ampliar a isenção da tabela do Imposto de Renda, uma de suas promessas de campanha. A declaração, na contramão da sua própria equipe econômica, repercutiu mal. Economistas ouvidos pelo Estadão foram unânimes no contraponto de que o País não está quebrado, mas é preciso que o governo faça escolhas.

No dia seguinte, o presidente foi irônico ao dizer que o País está uma "maravilha" e responsabilizou a imprensa por uma "onda terrível" de sua fala anterior. "Não está uma maravilha. Sabe a nossa dívida interna quando é que está? R$ 5 trilhões. Isso é sinônimo que estamos bem ou estamos mal? Para a imprensa o que falar aqui vai ter crítica", disse Bolsonaro nesta segunda-feira.

Na conversa com apoiadores na manhã de hoje, o presidente voltou a comentar a eleição pela presidência da Câmara. Ele cobrou o apoio de parlamentares da bancada ruralista ao candidato do Planalto, Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão. Ele justificou o pedido ao destacar que o campo "nunca teve um tratamento tão justo e honesto" quanto em seu governo. Segundo ele, o agronegócio está "bombando" e, por isso, parlamentares da bancada deveriam apoiar o candidato do governo.

"O campo nunca teve um tratamento tão justo e honesto quanto tem comigo, em todos os aspectos. Alguns parlamentares do campo, ao invés de apoiar o nosso candidato, estão apoiando outro candidato. Eu não entendo", disse. "O campo está bombando, esse pessoal todo do campo tem que estar comigo, pô. Isso é o mínimo de razoabilidade que eu peço pra eles, para a gente poder levar nossas pautas pra frente", afirmou.

O presidente ressaltou que precisa do apoio dos ruralistas para avançar com as pautas do governo no Congresso, como medidas provisórias. "Eu não comando o Brasil sozinho, tem o Legislativo do lado que é o responsável por leis, o cumprimento da Constituição. Nós não podemos ter mais dois anos pela frente com a esquerda dominando a pauta. Do lado de lá está o PT, PCdoB e PSOL. Atrapalhou a gente dois anos, fizeram as pautas", disse.

Bolsonaro voltou a dizer que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou caducar a MP da regularização fundiária e "matou o campo". A MP enfrentou resistência dos parlamentares e foi apelidada de MP da Grilagem. Sem acordo para votação, o texto perdeu a validade no ano passado.

"Nós podíamos ter todo o campo legalizado onde o homem pudesse fazer seus empréstimos, seus negócios. E não pode fazer por quê? Porque o presidente da Câmara deixou caducar. E agora eu vejo o pessoal do agronegócio, alguns poucos, é lógico, apoiando um candidato que tá do lado da esquerda", disse.

O bloco de Rodrigo Maia apoia a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), que tem o aval de siglas da oposição e da centro-direita. "Nada pessoalmente contra o candidato do outro lado, pessoalmente, mas agora, ele está junto com o PT, PCdoB e PSOL, não precisa falar mais nada", comentou o presidente.

O chefe do Executivo disse ter "profunda gratidão e apreço" pelos parlamentares do campo e que o "mínimo" que pede a eles é o apoio nas eleições da mesa para evitar que novas MPs caduquem. "Se eu fizesse a agenda ambiental xiita de governos anteriores, o agronegócio estava no fundo do poço", comentou.

Para os apoiadores, Bolsonaro disse ainda que a "esquerda" quer a volta do imposto sindical e que isso afetaria a produção no campo. "É a volta do imposto sindical para continuar infernizando quem produz no Brasil? Se os heróis que produzem começarem a deixar o Brasil, não tem mais emprego pra ninguém", declarou.

Estadão
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