PUBLICIDADE

Coronavírus

Rede de roupas masculinas Fatto a Mano pede recuperação judicial e acende alerta sobre varejistas

Grupo já enfrentava dificuldades financeiras antes da pandemia e agora, depois de três meses de lojas fechadas, acumula dívidas de R$ 40 milhões

26 jun 2020 - 11h23
Compartilhar
Exibir comentários

O Grupo Fatto a Mano, de vestuário e acessórios masculinos, entregou na quinta-feira, 25, à Justiça de São Paulo um pedido de recuperação judicial, com dívidas de R$ 40 milhões. Assim como outras varejistas do setor de vestuário que entraram na lista de vítimas econômicas da covid-19, a Fatto a Mano já vinha tropeçando em dificuldades antes da chegada da pandemia. A maior parte de suas dividas está com fornecedores e importadores, e os débitos incluem R$ 2 milhões em alugueis atrasados com shoppings e locatários de lojas de rua.

Com 10 anos de existência, a Fatto a Manno vinha apostando em sua expansão, com lojas próprias e franquias, sendo desafiada ao longo das crises de 2015 e 2017, quando enfrentou o aumento dos preços das importações de produtos chineses. No ano passado, em mais uma tentativa de fazer rodar o negócio, estabeleceu a meta de elevar de 100 para 300 o número de lojas e franquias.

"Basicamente, o grupo tinha um caixa apertado por conta dos efeitos sofridos pelas crises, e preparava a reestruturação das lojas quando surgiu a covid-19", comenta Daniel Amaral, do escritório Dasa. Com três meses de lojas praticamente fechadas, o caixa zerou e não restou opção a não ser a recuperação judicial.

Débitos do grupo Fatto a Mano incluem R$ 2 milhões em alugueis atrasados com shoppings e locatários de lojas de rua.
Débitos do grupo Fatto a Mano incluem R$ 2 milhões em alugueis atrasados com shoppings e locatários de lojas de rua.
Foto: Reprodução Facebook / Estadão

Amaral observa que as empresas que estão recorrendo à Justiça ou buscando renegociações extrajudiciais nesse momento, como a Restoque, já vinham fragilizadas, mas que isso não elimina a possibilidade de as varejistas de modo geral liderarem a onda de pedidos de recuperação judicial de montante recorde que é esperada para o segundo semestre.

"Após a covid-19, percebemos um grande aumento de procura ao nosso escritório pelo varejo", diz. Segundo ele, somente em seu escritório já existe um montante de mais de R$ 500 milhões em dívidas de varejistas entre processos que estão sendo preparados e os que ainda estão sendo estudados.

O processo de recuperação judicial das Lojas Colombo, com dívidas de R$ 1,8 bilhão, também está sendo conduzido por seu escritório. Amaral explica que a empresa, como já vinha reestruturando suas dívidas, se antecipou à crise tendo ciência da profundidade do problema na China, de onde importa. A Colombo entregou o pedido de recuperação judicial em fevereiro à Justiça.

Na quarta-feira, em webinar para comentar o relatório Varejistas Brasileiras sob Pressão, o diretor de rating corporativo da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Renato Donatti, observou que o varejo não discricionário, que exclui o setor alimentar e farmacêutico, não deve obter recuperação dos níveis de receitas anteriores à pandemia do covid-19 antes de 2022.

"As ligadas ao varejo de moda são as mais afetadas e têm menor penetração, inferior a 10%, de vendas online", observou. A projeção da Fitch é de queda de 53% nas receitas da Inbrands este ano, de 47% para a Restoque e de 25% nas receitas da Guararapes, dona da Riachuelo.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade