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Coronavírus

Em dia de ganhos, Bolsa fecha aos 91 mil pontos; dólar tem forte queda e fica a R$ 5,20

Em sintonia com exterior, moeda americana teve o maior recuo desde abril; B3 não subia acima dos 90 mil pontos desde março, no período da 'pré-pandemia'

2 jun 2020 - 09h16
(atualizado em 3/6/2020 às 00h50)
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Impulsionada pelo cenário exterior favorável, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, ampliou os ganhos no pregão desta terça-feira, 2, e fechou na máxima do pregão, com alta de 2,74%, aos 91.046,38 mil pontos, algo que não acontecia desde 10 de março. O dólar também cedeu frente ao real na sessão de hoje, e fechou cotado a 5,2086, uma queda de 3,34%, o que não se vida desde 14 de abril.

Apesar do noticiário internacional ainda se voltar para as tensões entre China e Estados Unidos - também aos protestos contra o racismo no país americano -, o mercado brasileiro foi influenciado pelo fechamento positivo das Bolsas da Europa e da Ásia, que subiram com o otimismo frente aos processos de reabertura das economias europeias. A informação de que uma vacina contra o coronavírus pode chegar em até seis meses, contribuiu para o ânimo dos investidores.

A pausa na tensão com a cena política, descartando, por ora, o risco de ingovernabilidade do presidente Jair Bolsonaro ou dele sofrer eventual processo de impeachment, ajudou ainda a apoiar a melhora dos preços locais.

Com os resultados do pregão de hoje, a Bolsa voltou ao patamar dos 91 mil pontos, em um movimento de alta que começou lá atrás, no final de maio. Agora, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, acumula alta de 4,17% na semana, mas ainda cede 21,27% no ano. Nas últimas 12 sessões, a B3 caiu em apenas quatro.

A reabertura local de algumas economias, como São Paulo e Rio de Janeiro, anima o investidor e fortalece as ações. Dentre as maiores ganhadoras da B3 hoje, estavam empresas de turismo, com CVC subindo 20% e Gol com alta de 15,70%. Também subiram Petrobrás PN e ON, com 5,26% e 4,34%, Itaú Unibanco, com 6,72% e Santander, com 5,99%.

Câmbio

O dólar acentuou as perdas na tarde desta terça, 2, chegando à cotação mínima do dia de R$ 5,2046. Com esse ritmo, a cotação da moeda americana já tem a maior queda em um só dia desde a sessão de 8 de junho de 2018, quando perdeu 5,35%. Com os resultados de hoje, o dólar ainda tem alta superior a 30% no ano.

A queda do dólar ante o real reproduz mais intensamente o movimento de fraqueza da moeda americana, em comparação a outras 34 moedas emergentes. O CDS (Credit Default Swap), que mede o risco-País para cinco anos, caiu para 249 pontos, o menor desde 26 de março. O dólar para julho também fechou com queda de 3,02%, cotado a R$ 5,2125.

Além do exterior favorável, o mercado também reagiu positivamente as intervenções do Banco Central na última segunda-feira, 1, quando vendeu mais de US$ 500 milhões em leilões de dólares à vista.

Cenário internacional

Investidores monitoram sinais de recuperação econômica em meio aos esforços globais de retomar a atividade após os bloqueios motivados pelo coronavírus. Dados da IHS Markit mostraram ontem que o setor manufatureiro da China voltou a se expandir em maio, enquanto o da zona do euro e do Reino Unido se contraíram em ritmo menor - por lá, é esperado que o governo britânico anuncie um novo pacote de ajuda fiscal.

Já a China continua comprando a soja dos Estados Unidos, ao contrário do que a Bloomberg relatou na última segunda-feira, 1. Nas últimas semanas, tensões entre EUA e China relacionadas à autonomia de Hong Kong geraram temores de o país asiático barrasse por completo as importações americanas.

Petróleo

A reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) deve ocorrer apenas na próxima quinta-feira, dia 4, mas as boas notícias já ecoam pelo mercado do petróleo. Segundo informações dos bastidores, a Rússia, que chegou a entrar em uma disputa de preços com a Arábia Saudita, aparentemente concordou com cortes por mais um mês na produção da commodity, o que deve diminuir a oferta e evitar uma sobrecarga no mercado.

O WTI para julho, referência no mercado americano, fechou em queda de 3,87%, a US$ 36,81 o barril. Já o Brent para agosto, referência no mercado europeu, subiu 3,26%, a US$ 39,57 o barril.

Bolsas do exterior

Com o processo de reabertura das economias, as Bolsas da Ásia fecharam em alta. O japonês Nikkei subiu 1,19% em Tóquio, enquanto os chineses Xangai Composto e Shenzhen Composto avançaram ambos 0,20%. O Hang Seng se valorizou 1,11% em Hong Kong, o sul-coreano Kospi subiu 1,07% em Seul e o Taiex registrou ganho de 0,44% em Taiwan. Na Oceania, a Bolsa australiana avançou 0,27% em Sydney.

Resultados parecidos foram vistos na Europa, com o Stoxx 600 fechando com ganho de 1,57%. A Bolsa de Londres subiu 0,87% e a de Paris, 2,02%. Em Frankfurt, a alta foi de 3,75%. As Bolsas de Milão, Madri e Lisboa fecharam com ganhos de 2,42%, 2,59 e 2,97%.

A retomada da economia tirou de foco os protestos que já tomam os Estados Unidos e deu novo ânimo para as Bolsas de Nova York. O Dow Jones fechou em alta de 1,05%, o Nasdaq subiu 0,59% e o S&P 500 avançou 0,82%./LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

Estadão
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