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[Coluna] Como as escolas estão se adaptando à proibição dos celulares

20 mar 2025 - 06h51
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A implementação da lei que baniu uso do aparelho nas escolas está indo surpreendente bem. Apesar de alguma resistência, os alunos estão fazendo sua parte. Mas é preciso que os professores também deem o exemplo."Se eles estivessem no celular vendo outra aula de português porque não gostam da minha eu até entenderia, mas não. Eu estava competindo com jogos, redes sociais e qualquer outra aleatoriedade. Não era justo e eu nunca ganharia", diz Jozelma, professora de português na rede pública paraibana.

Restrição ao uso do celular nas escolas passou a valer no ano letivo de 2025
Restrição ao uso do celular nas escolas passou a valer no ano letivo de 2025
Foto: DW / Deutsche Welle

Nas últimas semanas, visitei dezenas de salas de aula em colégios públicos de algumas cidades do Nordeste para entender como anda a implementação da lei que proíbe o uso do celular nas salas de aula.

A desintoxicação abre uma janela de oportunidades

Se eu disser que as escolas se transformaram em um verdadeiro paraíso, no estilo Adão e Eva, estarei mentindo. Brincadeiras à parte, é óbvio que ainda há certa resistência dos alunos. No entanto, considerando o tamanho do vício que os aparelhos exercem, o quadro é surpreendentemente bom.

Os professores são unânimes: há sim uma maior atenção para com as aulas. Vi até mesmo alguns alunos no intervalo com livros literários na mão.

A verdade é que antes muitos alunos nem se permitiam olhar para a cara do próprio professor ou, ainda que minimamente, prestar atenção na aula. Sem o celular nas mãos, ainda que devido a uma regra e não por genuína vontade, os alunos estão, pela primeira vez em anos, mais presentes na sala de aula. Ou seja, abriu-se uma janela para que o verdadeiro trabalho pedagógico seja feito com eles. É a oportunidade que os professores tanto desejavam.

É importante que todos apoiem

Com todo o respeito, preciso trazer aqui um outro ponto que merece atenção. Em mais da metade das salas que entrei, no momento em que comecei a falar com os alunos, professores responsáveis pelas classes foram rapidamente sentar para usar seu celular, responder mensagens e até ouvir áudios.

Minha intenção não é generalizar e tampouco incentivar ódio aos professores, mas precisamos ser realistas e aceitar o fato de que não somente os jovens, mas também boa parte dos adultos são viciados no uso do celular. Não é justo culpabilizar apenas os jovens enquanto seguimos usando o aparelho em todas as dependências da escola - enquanto eles não podem. Entendo que há sim padrões de uso diferentes, mas ainda assim não justifica.

Precisamos dar o exemplo antes de fazer cobrança. Isso não é trivial.

Já está na hora de flexibilizar ou ajustar?

Os alunos foram unânimes: não é o fim do mundo não poder usar na sala de aula, mas eles gostariam muito de poder fazer uso no intervalo. Por um lado, entendo que permitir isso possa dificultar o banimento na sala de aula e sobrecarregar o professor. Por outro, temo que tamanha proibição simplesmente aumente a resistência à adaptação.

Não somente os professores e gestores usam o aparelho para questões importantes do dia a dia. Há alunos com responsabilidades de adulto e que precisam de algum nível de comunicação via celular.

Há pessoas favoráveis a não usar o celular em espaço algum dentro das escolas, como também há pessoas a favor de um uso no intervalo. Ambos com bons argumentos. Então vale a provocação e pensar sobre uma possível flexibilização que favoreça uma adaptação.

Há potencial por trás da lei, ainda que de forma fabricada e não natural. Os alunos estão de olhos abertos para as aulas e estão, dentro do possível, fazendo a parte deles. Agora, é preciso que todos os outros agentes envolvidos na educação também cumpram com suas respectivas responsabilidades.

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Vozes da Educação é uma coluna semanal escrita por jovens do Salvaguarda, programa social de voluntários que auxiliam alunos da rede pública do Brasil a entrar na universidade. Revezam-se na autoria dos textos o fundador do programa, Vinícius De Andrade, e alunos auxiliados pelo Salvaguarda em todos os estados da federação. Siga o perfil do Salvaguarda no Instagram em @salvaguarda1.

Este texto foi escrito por Juliana Cristina da Silva Ramos, graduanda em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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