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Argentina diz que não há tecnologia para retirar submarino

Segundo ministro, mesmo que exista a possibilidade de levantar submarino, processo deve demorar vários anos

19 nov 2018 - 14h30
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Segundo ministro, mesmo que exista a possibilidade de levantar submarino do fundo do mar, processo deve demorar anos. Embarcação desaparecida há um ano foi localizada no sábado, a mais de 900 metros de profundidade.

O ministro de Defesa da Argentina, Oscar Aguad, afirmou neste domingo (18/11) que não existe tecnologia capaz de retirar o submarino ARA San Juan, que foi localizado no sábado a 900 metros de profundidade no Oceano Atlântico, do fundo do mar.

"A Argentina não conta com meios técnicos para resgatar ou emergir o submarino. Não deve haver no mundo tecnologia para retirar 2.300 toneladas de peso do fundo do mar", afirmou Aguad.

Em entrevista à Rádio Mitre, o ministro explicou que o governo tem dinheiro para contratar uma empresa especializada nesse tipo de operação caso necessário, mas ressaltou que, caso haja tecnologia para fazer a retirada, o processo deve demorar muitos anos.

Criticado pelos parentes dos tripulantes que estavam a bordo do submarino na hora do desaparecimento há mais de um ano, Aguad ressaltou que sempre disse a verdade aos familiares das vítimas e que a localização da embarcação é uma prova disso.

"Ele afundou por uma implosão, não por fatores externos. Não estou e nem estive em condições de mentir aos familiares. Não temos capacidades técnicas para trazê-lo do fundo do mar", afirmou. A descoberta do ARA San Juan foi divulgada no sábado (17/11). O submarino argentino desapareceu no dia 15 de novembro do ano passado com 44 tripulantes a bordo, quando se dirigia de Ushuaia a Mar del Plata.

Segundo a Marinha, as imagens dos destroços sugerem que a embarcação sofreu uma "implosão" no fundo das águas do oceano em razão da pressão externa do mar ter superado a de dentro do submarino.

Perguntado sobre a responsabilidade jurídica do governo em resgatar o submarino, o ministro disse que a juíza responsável pela investigação do desaparecimento, Marta Yáñez, terá papel fundamental na decisão. No entanto, reconheceu que não considera que ela tenha poder para decidir uma questão desta natureza.

"Sobre a busca, esse caso terminou porque ficou provado que o submarino implodiu e naufragou duas horas depois da última comunicação. Resta a que vai determinar quais são as responsabilidades da Marinha", explicou o ministro

Já a juíza Marta Yáñez disse neste domingo que pode delegar ao governo a decisão de retirar o equipamento do fundo do mar. Ela também descartou para já a hipótese de tentar erguer os destroços do fundo do oceano, como reclamam as famílias dos 44 tripulantes mortos.

"Trata-se de uma embarcação cheia de água que pode pesar 2.500 toneladas, não vou correr o risco de a puxar, pode partir-se", afirmou Yáñez aos jornalistas. "Prefiro conservar a prova como está, porque a eventual subida à superfície implica uma possível ruptura ou só se conseguirá cortando-a em partes", acrescentou.

Para a magistrada, esta é uma questão emocional e não interfere na investigação sobre o que ocorreu com o submarino. Perguntada sobre a sequência das investigações pela imprensa argentina, a juíza explicou que a empresa americana Ocean Infinity, contratada pelo governo para encontrar o submarino, enviará 67 mil fotos e registros em vídeo para auxiliar no trabalho.

"Vamos contar com uma análise pormenorizada da situação de como o submarino está e das condições que ele ficou", afirmou.

Além disso, a juíza explicou que as três fotos divulgadas ontem, vistas também pelos familiares dos 44 tripulantes do submarino, não serão utilizadas nas investigações sobre o caso.

"Chegado o momento, depois de conseguirmos reconstruir o que ocorreu com imagens e vídeos, se entenderem ser necessária a retirada da embarcação, que entendo que é muito difícil e cara, seria preciso fazer um estudo para verificar se isso tudo é possível", disse a magistrada na entrevista.

Yáñez explicou que o caso sobre a busca do submarino deve ser encerrado agora que o equipamento foi encontrado. No entanto, ela considera que alguns dos familiares podem processar o governo por negligência ou imperícia nos trabalhos de resgate.

A juíza também afirmou que focará agora para entender como o submarino afundou, um caso, segundo ela, "sem antecedentes" e "muito complexo".

JPS/efe/lusa

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