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Plataforma online divulga perfil de 250 pesquisadoras brasileiras de destaque

Iniciativa quer dar mais visibilidade para o trabalho de 50 mulheres de 5 áreas do conhecimento com atuação de excelência

12 fev 2020 - 19h58
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SÃO PAULO - Para dar mais visibilidade ao trabalho das cientistas mulheres do Brasil, foi lançada nesta quarta-feira, 12, a plataforma online Open Box da Ciência, que destaca o trabalho de 250 pesquisadoras consideradas protagonistas em suas áreas.

O projeto cruzou dados do Censo da Educação Superior com informações de outras bases de dados oficiais, como a Plataforma Lattes, para rastrear os número de artigos científicos publicados, prêmios recebidos, eventos organizados pelas cientistas e se elas estão engajadas em divulgação científica.

A partir da análise, foram mapeadas 50 pesquisadoras de destaque em cinco áreas: ciências biológicas, ciências sociais aplicadas, ciências exatas e da terra, engenharias e ciências da saúde. Não foi criado um ranking de melhores. O objetivo é mostrar as mulheres que estão fazendo pesquisa de excelência no País, explicou a cientista de dados Natália Leão, responsável pela pesquisa e metodologia da plataforma.

A iniciativa da organização Gênero e Número, financiada pelo Instituto Serrapilheira, considerou os critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a concessão de bolsas de apoio à pesquisa para desenvolver um algoritmo que listou todas as pesquisadoras do País com doutorado. Na plataforma, de acesso livre, é possível ver o perfil das pesquisadoras, reportagens que narram suas trajetórias, além de algumas análises dos dados observados.

São histórias como a da farmacêutica Helena Carla Castro, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense, que trabalha com o desenvolvimento de novos medicamentos e investigou a resistência do HIV a alguns tratamentos. Seu grupo foi o primeiro a mostrar, com imagens, como se dá esse processo. Ela também tem um trabalho pioneiro de criar cursos de diversidade e inclusão.

Outra pesquisadora destacada, também presente no evento de lançamento, foi a física Sandra dos Santos Padula, do Instituto de Física Teórica da Unesp, hoje uma das colaboradoras das pesquisas feitas no grande acelerador de partículas, o LHC. Ela também tem um trabalho importante com a atração de meninas para a ciência.

Representatividade baixa e desigualdade

Sandra também é destacada como exemplo de uma das estatísticas levantadas pela plataforma - a ainda baixa representatividade feminina nas exatas. As mulheres representam 26% das vagas de doutorado em engenharia e 31% em ciências exatas e da terra. Elas são maioria nas ciências da saúde (56%), e nas ciências sociais aplicadas correspondem a 40% das vagas.

A maior parte das pesquisadoras destacadas na plataforma é branca, tem mais de 40 anos e tem como renda principal os salários das universidades ou centros de pesquisa onde também lecionam. Segundo o levantamento, apenas 15% delas recebem bolsa para pesquisa, apesar de todas terem uma produção científica que lhes tornam candidatas naturais ao recurso.

O levantamento também expõe a desigualdade que existe no Brasil, que cresce conforme aumenta o grau de instrução dos pesquisadores. "As mulheres representam 46% das docentes de ensino superior, mas apenas 23% delas são pretas e pardas. Na pós-graduação, há apenas 400 professoras doutoras. Elas representam 2,4% das docentes", afirmou Vitória Régia da Silva, jornalista da Gênero e Número, durante o lançamento da plataforma nesta quarta, no Instituto de Física Teórica da Unesp.

Projeto divulga pesquisas nacionais a jornalistas

Pesquisadores brasileiros publicam cerca de 230 artigos científicos, em média, por dia, além de 170 capítulos de livro. Desses 400 novos conteúdos diários, pelo menos uns 10% têm interesse social e, portanto, jornalístico, mas os assuntos não estão nos jornais. Foi diante dessa conclusão que foi pensada uma nova agência de notícias da ciência brasileira, a Bori, lançada também nesta quarta em São Paulo.

O veículo terá como objetivo principal conectar cientistas com jornalistas, e não apenas os que escrevem sobre ciência, a fim de aumentar a visibilidade sobre as pesquisas de destaque que estão sendo feitas no Brasil. A agência vai funcionar em moldes semelhantes ao serviço EurekAlert, dos Estados Unidos, por meio do qual jornalistas cadastrados receberão sugestão de artigos científicos inéditos com uma data embargada de publicação.

Estadão
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