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EUA não revelam se Trump crê na mudança climática e defendem adeus a Paris

2 jun 2017 - 17h29
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Integrantes do governo e assessores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitaram nesta sexta-feira esclarecer o que o governante pensa sobre a mudança climática, um fenômeno que ele chegou a negar no passado, ao defender que não há motivos para pedir "desculpas" por nada, nem a ninguém, pela saída do Acordo de Paris.

Na coletiva de imprensa diária da Casa Branca, o chefe da Agência de Proteção Ambiental (EPA, sigla em inglês) dos EUA, Scott Pruitt, conhecido por seu ceticismo sobre o aquecimento global, defendeu com veemência a decisão "muito corajosa" de Trump de retirar o país do Acordo Climático de Paris, anunciada ontem.

Diante da pergunta, que foi repetida de diversas maneiras e por vários jornalistas, sobre se Trump continua achando que a mudança climática "é uma fraude", como ele mesmo afirmou no passado, Pruitt se limitou a dizer que as deliberações do governante sobre a saída do Acordo de Paris se concentraram em se o pacto é "bom ou não" para os EUA.

Outros integrantes do Executivo americano, entre eles a secretária de Educação, Betsy DeVos, também evitaram comentar hoje os efeitos da atividade humana no aquecimento global e qual é a opinião de Trump sobre isto, assim como seus assessores, como a conselheira presidencial Kellyanne Conway e o economista-chefe da Casa Branca, Gary Cohn.

Por outro lado, Pruitt enfatizou que, como país, os EUA não têm que "pedir desculpas" por nada, nem a ninguém, por sua intenção de deixar o Acordo de Paris, assinado no final de 2015 por quase 200 países.

Na opinião do chefe da EPA, o acordo climático é apenas "um monte de palavras" que representam "pouco benefício" para o meio ambiente em nível global e, ao mesmo tempo, situam os EUA e sua economia em uma posição de "desvantagem".

Além disso, Pruitt assegurou que sair do Acordo de Paris não significa uma "desvinculação" por parte dos EUA da proteção do meio ambiente, ao lembrar que o objetivo de Trump é renegociar para obter um acordo mais "justo", ou buscar um novo pacto climático.

Não obstante, os governos de Alemanha, França e Itália já advertiram Trump, em um comunicado conjunto, que não há nada para ser renegociado.

Nessa mesma linha e em uma tentativa de reduzir as críticas à decisão de Trump, seu secretário de Estado, Rex Tillerson, assegurou hoje que os EUA seguirão reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa mesmo com a saída do Acordo de Paris.

"Acredito que é importante que o mundo inteiro reconheça que os Estados Unidos têm um histórico fantástico no que se refere à redução de nossas emissões de gases de efeito estufa", disse Tillerson em declarações aos jornalistas antes de se reunir com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira.

"É algo do qual podemos estar orgulhosos e que foi feito sem que estivesse em vigor o Acordo de Paris. Não acredito que vamos mudar os nossos esforços para reduzir essas emissões no futuro, espero que as pessoas possam colocar as coisas em perspectiva", acrescentou o secretário de Estado.

Além disso, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, realizou hoje várias entrevistas para negar que Washington vai perder sua posição de liderança global por causa do adeus a Paris.

"O que o mundo presenciou ontem foi um presidente americano que põe os Estados Unidos em primeiro lugar", resumiu Pence em uma entrevista para a emissora conservadora "Fox".

Trump, por sua vez, postou no Twitter uma fotografia na qual ele aparece nos jardins da Casa Branca fazendo o discurso em que anunciou a saída do acordo climático e retuítou comentários e links para notícias que apoiam sua decisão.

Ao iniciar o processo para deixar o acordo climático, os EUA se juntarão a Nicarágua e Síria, os únicos dois países que não assinaram os compromissos adotados em Paris por quase 200 nações e ratificados por um total de 147.

O artigo 28 do Acordo de Paris indica que qualquer país que tenha ratificado o acordo, como é o caso dos EUA, somente poderá solicitar sua saída três anos após sua entrada em vigor, isto é, em 4 de novembro de 2019.

Uma vez que essa petição seja feita formalmente, é necessário mais um ano para que a saída do acordo se torne efetiva, por isso será preciso esperar até 4 de novembro de 2020, um dia depois das próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

EFE   
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