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30 anos do 'Pálido Ponto Azul': a icônica foto que mudou a forma como vemos nosso planeta

Nasa usou técnicas e programas modernos para aprimorar o registro feito pela sonda Voyager, que nos permite ter uma real noção do lugar que ocupamos no Universo.

14 fev 2020 - 15h06
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A Nasa reprocessou o registro da Terra usando técnicas e software modernos, o que a deixou 'mais limpa'
A Nasa reprocessou o registro da Terra usando técnicas e software modernos, o que a deixou 'mais limpa'
Foto: NASA/JPL-Caltech / BBC News Brasil

É inquestionavelmente uma das melhores imagens espaciais de todos os tempos.

A foto "Pálido Ponto Azul" foi feita há 30 anos pela sonda Voyager 1, a uma distância de cerca de 6 bilhões de quilômetros da Terra. Ela mostra nosso planeta como um ponto azul brilhante na vastidão do espaço, "preso" dentro de um raio de luz solar.

Para marcar o aniversário da imagem, a agência espacial americana, a Nasa, reprocessou esse registro icônico usando técnicas e softwares modernos. Agora, a imagem parece "mais limpa".

Ela fez parte de uma sequência final de fotos tiradas pela Voyager antes de seu sistema de câmeras ser desligado para economizar energia.

A imagem original (acima) foi feita a uma distância de 6 bilhões de km da Terra
A imagem original (acima) foi feita a uma distância de 6 bilhões de km da Terra
Foto: NASA/JPL / BBC News Brasil

A sonda havia completado sua passagem pelos planetas, e tinha uma última missão antes de rumar para o espaço interestelar.

Carl Sagan e Carolyn Porco, dois cientistas da missão, convenceram os diretores da Nasa de que a sonda fizesse um "retrato em família do Sistema Solar" antes de ser desligada.

Os 60 quadros que a Voyager enviou de volta mostram o Sol e seis dos principais planetas — Vênus, Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Mercúrio e Marte, além de Plutão, não aparecem por várias razões. O Planeta Vermelho, por exemplo, não podia ser distinguido em meio aos raios de sol que refletiam dentro do sistema óptico da câmera.

'Este é o nosso lar'

Uma das razões pelas quais a foto ficou tão famosa é a popularidade dos escritos de Sagan.

Em seu livro de 1994, Pálido Ponto Azul: Uma Visão do Futuro do Homem no Espaço, ele disse: "Olhe novamente para esse ponto. É aqui. Este é nosso lar. Somos nós". E passou a descrever a Terra como "uma partícula de poeira suspensa em um raio de sol".

Carolyn Porco disse à BBC, em 2013, que a foto proporciona uma "visão cristalina e sem distorções de nosso lugar no cosmos que corrói toda ilusão e nos confronta com um poderoso reconhecimento de nós mesmos — um reconhecimento que nunca deixa de nos emocionar".

A sonda Cassini fez sua própria versão, em 2013, com Saturno em primeiro plano
A sonda Cassini fez sua própria versão, em 2013, com Saturno em primeiro plano
Foto: NASA/JPL-Caltech/SSI / BBC News Brasil

O britânico Garry Hunt, que fez parte da equipe de imagens da Voyager, diz que a foto é mais relevante hoje do que nunca.

"Toda vez que dou uma palestra sobre clima e questiono o que alguém está fazendo agora em prol de uma mudança, mostro esta imagem, porque fica claro que a Terra é um pontinho isolado. Esse pequeno ponto azul é o único lugar em que podemos viver, e estamos estragando isso", disse ele ao programa Today, da BBC Radio 4.

Carolyn Porco fez uma nova versão da foto icônica com a sonda Cassini em 2013, ao direcionar sua câmera para a Terra e registrar novamente o pálido ponto azul com os anéis de Saturno em primeiro plano.

Espera-se que a sonda New Horizons, que sobrevoou Plutão em 2015 e agora está a pouco mais de 7 bilhões de quilômetros da Terra, tente em algum momento tentar repetir o feito fotográfico.

Mas direcionar as câmeras para o centro do Sistema Solar — e diretamente no Sol — traz alguns riscos para os seus delicados sensores. Portanto, nenhum esforço neste sentido será feito até que os principais objetivos da New Horizons sejam alcançados.

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