Não há registro de vazamento de documento sigiloso do STF que anularia ação penal contra Bolsonaro
VÍDEO DESINFORMA AO AFIRMAR QUE TERIA SIDO DESCOBERTA MANIPULAÇÃO DE PROVAS POR ALEXANDRE DE MORAES CONTRA O EX-PRESIDENTE NO CASO QUE INVESTIGA TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO
O que estão compartilhando: vídeo afirma que um documento sigiloso do Supremo Tribunal Federal (STF) teria vazado, revelando manipulação de provas do ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no âmbito do processo que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O vazamento poderia anular a ação penal da trama golpista.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Não há registro de que tenha ocorrido um vazamento de documento sigiloso do STF. O Verifica não encontrou nenhuma notícia na imprensa sobre um episódio como o narrado no vídeo. Também não existe um documento como o descrito entre os juntados ao processo no Supremo, e nenhum dos réus da ação penal mencionou um vazamento que poderia anular o julgamento. À reportagem, o Supremo desmentiu o conteúdo da postagem analisada.
Saiba mais: As defesas dos réus do "núcleo crucial" da ação penal por tentativa de golpe de Estado apresentaram pedidos de novas diligências e de perícias ao STF, mas não há qualquer menção a um documento que revele manipulação de provas por parte de Moraes. O andamento processo pode ser consultado diretamente no site do Supremo (aqui).
O Verifica consultou as redes sociais dos réus apontados como parte do "núcleo crucial" e não encontrou nenhuma menção a um documento vazado.
Vídeo mostra Bolsonaro em posse de Moraes no TSE, não sendo aplaudido no próprio julgamento
Não há registro de pedido de prisão contra Bolsonaro; vídeo usa título falso para atrair cliques
Na última terça-feira, 10, Bolsonaro prestou depoimento ao STF. Ele é apontado como peça-chave da organização criminosa que atuou pela ruptura democrática, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR). A data marcou a conclusão dos interrogatórios dos oito réus pertencentes ao núcleo 1 da trama golpista.
Conforme mostrou o Estadão (aqui), os interrogatórios dos réus fazem parte da instrução processual, fase de coleta de provas sobre o caso, que está na reta final. Nessa fase, as defesas ainda podem solicitar novos pedidos ao relator, como apresentar novas evidências e requerer perícias ou outras ações sobre fatos que a Polícia Federal (PF) já investigou. Qualquer solicitação será analisada por Moraes, que pode acatar ou recusar o pedido.
Ouvidos os réus e encerrada a fase de instrução, o processo segue para a fase de alegações finais, em que a PGR, que é a acusação, e a defesa dos réus apresentam seus últimos argumentos. Ao fim das alegações de todas as partes envolvidas, o julgamento final poderá ser marcado pelo presidente da Primeira Turma do Supremo, o ministro Cristiano Zanin.
