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Não existe evidência científica de que ivermectina cure tumor na próstata

MÉDICO ALEGOU QUE CÂNCER DE PACIENTE DESAPARECEU APÓS USO DO MEDICAMENTO, MAS NÃO APRESENTOU PROVAS

13 nov 2025 - 12h42
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O que estão compartilhando: vídeo em que um médico afirma que o tumor na próstata de um paciente desapareceu com o uso de ivermectina.

Caso citado no vídeo não foi cientificamente documentado.
Caso citado no vídeo não foi cientificamente documentado.
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Não há evidência científica sólida de que a ivermectina tenha ação contra o câncer de próstata ou outros tumores (veja aqui, aqui e aqui).

O autor do vídeo, o médico Davi Rodrigues, disse ao Verifica que um paciente comentou sobre o assunto em consultório. Ele não apresentou provas de que esse paciente tenha sido curado. O médico afirmou que vários estudos mostram a ação da ivermectina contra o câncer.

Na realidade, o medicamento tem sido estudado como possível agente antitumoral, mas em pesquisas laboratoriais e com resultados preliminares. Ou seja: faltam dados clínicos robustos. Para isso, são necessários estudos em larga escala para confirmar a segurança e eficácia do remédio para esse fim em humanos. Uma pesquisa dessas pode levar anos.

Saiba mais: no vídeo, o médico afirma que um tumor adenocarcinoma desapareceu três meses após um paciente de 38 anos usar ivermectina. "Ele foi indicado a fazer todo o processo necessário, cirúrgico, quimioterapia, radioterapia, mas decidiu antes fazer algo diferente, que ele tinha lido. Possivelmente, vai entrar em remissão sem precisar de cirurgia", diz.

O adenocarcinoma é o tipo mais comum de tumor maligno que acomete a próstata. Segundo João Viola, coordenador de Pesquisa e Inovação do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o desaparecimento espontâneo desse tumor é muito improvável.

"O que pode ocorrer em vários casos de tumores de baixo grau e de crescimento indolente é não evoluir para formas mais graves, sendo acompanhado por vigilância ativa por um médico", explicou.

O tratamento depende da classificação histológica do tumor. Ou seja: o tipo de célula que compõe o tumor, o grau de diferenciação dela em relação a outras células normais do corpo e a agressividade. São analisados, também, se o tumor é localizado ou se espalhou, além do risco de progressão.

"Dependendo dessas características, (o tratamento) pode variar entre acompanhamento (vigilância ativa), cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e uma combinação entre eles", detalhou Viola.

A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.

Ivermectina não é recomendada para tratar câncer

A ivermectina é um antiparasitário indicado para tratar infecções causadas por vermes e parasitas, como piolho, sarna e lombriga. O Ministério da Saúde afirma que não existe evidência científica que comprove que o medicamento seja eficaz no tratamento de câncer.

No Brasil, segundo o Ministério, a desinformação sobre o uso da ivermectina é frequentemente acompanhada da alegação de que ela é barata e que, por isso, existiria uma "rejeição" do produto como forma de tratamento por parte da classe médica e farmacêutica.

Porém, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sequer recebeu solicitação dos fabricantes para que avaliasse uma possível indicação terapêutica contra o câncer. "Ou seja, não há perspectiva de que o antiparasitário seja aprovado para este uso", informa o Ministério.

Ivermectina não pode ser considerada tratamento contra câncer

Não há comprovação de eficácia da ivermectina no tratamento de câncer

Câncer de próstata não é causado por parasitas

Para defender o uso da ivermectina contra o câncer, o autor do vídeo alega que o corpo precisa ser desintoxicado. Segundo ele, a morte de parasitas gera energia, o que faria as células voltarem a funcionar.

No entanto, Viola diz que não é aceita cientificamente a ideia de que o câncer de próstata surge a partir da "intoxicação" do corpo.

Os principais fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento da doença são ambientais e o estilo de vida. Isso inclui sedentarismo, tabagismo, alterações hormonais, inflamação e obesidade.

Alegações do médico Davi Rodrigues já foram desmentidas anteriormente pelo Verifica. Na pandemia, ele divulgou o chamado "tratamento precoce", que incluía ivermectina, sem eficácia contra o novo coronavírus.

Neste ano, o médico interpretou de forma equivocada um estudo alegando que pacientes de covid-19 que usaram ivermectina "tiveram dois dias a menos de infecções" e que houve redução de 60% em hospitalizações e mortes com uso do medicamento.

A pesquisa científica, na verdade, afirma ser improvável que a ivermectina ofereça uma melhora clinicamente significativa na recuperação, internações hospitalares ou resultados a longo prazo.

Estadão
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