Escultura de dragão-onça na COP-30 foi presente da China; peça não foi instalada por Lula
OBRA FOI FEITA POR ARTISTA CHINESA APÓS ENCONTRO COM PREFEITO E SECRETÁRIA DE CULTURA E TURISMO DE BELÉM; NAS REDES SOCIAIS, POSTAGENS RECLAMAM QUE FIGURA LEMBRA UM DEMÔNIO
O que estão compartilhando: que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria colocado uma estátua de uma figura demoníaca na 30ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-30).
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A estátua inaugurada em Belém (PA) no último domingo, 16, não foi iniciativa do presidente. Ela foi um presente da China ao Brasil, desenvolvida após conversas entre a artista chinesa Huang Jian, o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), e a secretária de Cultura e Turismo da cidade, Cilene Sabino.
A escultura em bronze, que vai ficar em Belém permanentemente após a COP-30, foi batizada de "Espírito Guardião Dragão-Onça". Segundo a artista, representa uma união entre o dragão, uma figura tradicional da cultura chinesa, e a onça-pintada, ícone da biodiversidade da Amazônia.
Saiba mais: A instalação da escultura na Freezone da COP-30, em Belém, no último dia 16, provocou uma série de ataques nas redes sociais, sobretudo por parte de criadores de conteúdo religiosos. Segundo eles, a estátua seria um híbrido semelhante à figura de bafomé, que tem chifres.
O Projeto Comprova, do qual o Verifica é parceiro, mostrou que bafomé é uma figura criada no século XIX. Na época, ele não tinha relação direta com o satã dos cristãos, apesar da semelhança na representação. É comum que ele seja citado de forma pejorativa para se referir a maçons e templários.
Escultura é híbrido de dragão e onça-pintada
A escultura alvo dos posts desinformativos nas redes sociais foi instalada no último domingo, 16, na Praça da Bandeira, no bairro da Campina, em Belém, como parte da programação oficial da COP-30.
De acordo com a Prefeitura de Belém, a obra é um presente oficial da China ao Brasil e foi desenvolvida em dois meses pela artista chinesa Huang Jian.
A ideia do híbrido nasceu após conversas entre ela, o prefeito de Belém e a secretária de Cultura da capital paraense. O híbrido tem rosto de dragão, com manchas similares às de uma onça-pintada pelo corpo.
Em nota, a prefeitura disse que a escultura "une dois símbolos de grande força: o dragão, elemento tradicional da cultura chinesa, e a onça-pintada, ícone da biodiversidade amazônica".
Alguns dos vídeos virais associam a escultura a uma figura demoníaca, por ela ter chifres. No entanto, é comum que o dragão chinês, uma figura sagrada e celestial no país, seja representado com chifres.
"Na obra, o híbrido segura o globo terrestre, representando a urgência climática e o compromisso global discutidos durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30)", completa a nota.
Ainda de acordo com a prefeitura, a artista explicou que a obra "simboliza a parceria entre China e Brasil na proteção da floresta tropical e reforça valores de preservação, coexistência e cooperação internacional".