PUBLICIDADE

Senador que fugiu da Bolívia cancela ida ao Senado após queda de Patriota

27 ago 2013 - 14h10
(atualizado às 14h24)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>O senador boliviano Roger Pinto foi piv&ocirc; de crise diplom&aacute;tica</p>
O senador boliviano Roger Pinto foi pivô de crise diplomática
Foto: EFE

O senador boliviano Roger Pinto, que fugiu de seu país rumo a Brasília, cancelou a ida que faria nesta terça-feira ao Senado depois que sua fuga de La Paz, com cumplicidade diplomática brasileira, levou à renúncia do chanceler Antonio Patriota, informaram fontes parlamentares. "Em sua condição de asilado, (Roger Pinto) não quer esticar a corda em um embate político depois da renúncia de Patriota e, provavelmente, não deseja prejudicar a relação com o governo" brasileiro, declarou o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço.

O parlamentar, que tinha promovido o comparecimento de Roger Pinto na comissão, disse que o senador boliviano "agradeceu a oportunidade, mas pediu compreensão, pois deve se preocupar com sua própria situação".

Nesta segunda-feira, quando ficou claro que o político saiu da Bolívia sem o salvo-conduto e com a ajuda dos funcionários da embaixada brasileira em La Paz, o até então ministro das Relações Exteriores decidiu apresentar sua renúncia, que foi imediatamente aceita pela presidente Dilma Rousseff.

O advogado de Roger Pinto, Fernando Tibúrcio, disse à Agência Efe que conversou com seu cliente sobre o assunto e decidiram que "não era conveniente" ir ao Senado, sobretudo depois que sua turbulenta chegada ao Brasil levou à renúncia de Patriota.

Roger Pinto, um inflamado opositor do governo de Evo Morales, estava na embaixada brasileira em La Paz desde 28 de maio de 2012. O governo brasileiro concedeu asilo político ao senador dez dias depois, mas o parlamentar não podia deixar seu país, pois a Bolívia não deu a ele um salvo-conduto, alegando que Roger Pinto responde a vários processos por corrupção.

Na sexta-feira passada, no entanto, o senador fugiu da embaixada em um carro oficial escoltado por fuzileiros navais e foi até Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Nesta cidade, foi recebido por agentes da Polícia Federal e, de lá, seguiu até Brasília em um avião privado enviado pelo próprio Ferraço, que o esperou no aeroporto na madrugada de domingo.

Ferraço foi quem deu os primeiros detalhes sobre a saída de Roger Pinto da Bolívia, que para o governo de Evo Morales nada mais foi do que a "fuga" de um "criminoso comum".

Ao saber da situação, Patriota anunciou que o caso seria "investigado", seriam tomadas "as medidas administrativas e disciplinares" correspondentes e convocou para consultas o encarregado de negócios na embaixada em La Paz, Eduardo Saboia. O funcionário chegou a Brasília na segunda-feira de manhã e, no aeroporto, disse a jornalistas que tinha "ajudado" o senador por razões humanitárias.

"Tomei a decisão porque havia um risco iminente para sua vida e uma ameaça à dignidade de uma pessoa", declarou Saboia, que assumiu a responsabilidade sobre o caso e disse que tinha optado "pela vida" e por "proteger" um "perseguido político".

O governo boliviano exigiu "explicações" do Brasil pela "fuga" do senador, a quem classifica de "foragido da Justiça". O mal-estar foi manifestado na segunda-feira em La Paz pelo chanceler boliviano, David Choquehuanca, que por meio de uma nota expressou a "profunda preocupação" da Bolívia com "a transgressão do princípio de reciprocidade e cortesia internacional".

Choquehuanca afirmou que não é possível que sob "o amparo da imunidade diplomática se transgridam normas nacionais e internacionais, facilitando neste caso a fuga" de Roger Pinto.

EFE   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade