Quem é o filho do 'Careca do INSS', alvo de operação da PF por desvios no instituto
Além de Romeu Carvalho Antunes, o senador Weverton Rocha, Adroaldo Portalo, número dois do Ministério da Previdência Social, Éric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis, também estão entre os principais alvos da ação; até o momento, somente a defesa de Rocha se manifestou
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 18, a quinta fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de desvios ilegais no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Entre os presos estão Romeu Carvalho Antunes, filho mais velho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", e o advogado Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis. Já o senador Weverton Rocha (PDT-MA) foi alvo de mandados de busca e apreensão.
Por nota, o senador informou que "recebeu com surpresa a busca na sua residência". "Com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral a decisão", diz o texto.
A PF também cumpriu um mandado de prisão domiciliar e afastamento do secretário executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal, atual número dois da pasta.
As defesas dos demais envolvidos não foram localizadas. O espaço segue aberto para posicionamentos.
Quem é Romeu Carvalho Antunes?
Antunes é formado em Engenharia de Software pela Universidade de Brasília. Em seu perfil no LinkedIn, ele afirma ter trabalhado como desenvolvedor na Caixa Econômica Federal entre 2018 e 2020 e no PicPay entre 2022 e 2023.
Segundo a PF, além de manter relação societária, ele tinha autorização para movimentar as contas de uma das empresas do "Careca do INSS" suspeita de envolvimento nas fraudes em aposentadorias. O pai dele está preso desde setembro, no âmbito das investigações da Operação Sem Desconto.
Quem é Weverton Rocha?
O parlamentar tem 46 anos e é natural de Imperatriz, no Maranhão. Ele assumiu o mandato no Senado em 2019 e é vice-líder do governo na Casa.
Sua carreira política teve início no movimento estudantil. Ele chegou a ser vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 2000 e 2001. Antes de ser senador, ele foi assessor na Prefeitura de São Luís entre 2000 e 2006 e secretário de Esporte e Juventude do Maranhão em 2007. Ele também atuou como assessor do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi no Ministério do Trabalho, durante o governo Dilma Rousseff.
O parlamentar teve dois mandatos na Câmara dos Deputados, tendo sido suplente entre 2011 e 2013 e titular de 2013 a 2018. Nesse período, ele se posicionou contra o impeachment de Dilma, a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência.
Na eleição para o Senado, ele recebeu apoio do então governador do Maranhão, Flávio Dino, e foi eleito com 35% dos votos. Em 2022, ele foi candidato ao governo do Maranhão, mas perdeu a disputa para Carlos Brandão, eleito no primeiro turno.
O senador é relator da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). A residência dele foi alvo de busca e apreensão, mas não houve cumprimento de mandados no Congresso Nacional.
Quem é Éric Fidelis?
Fidelis é advogado e sócio-fundador do Fidelis Advocacia. Ele é formado em Direito pelo Centro Universitário de Brasília e se especializou na área previdenciária na Faculdade Centro de Estudos Avançados e Treinamento (Ceat).
No site do escritório, Éric é descrito como um profissional que se destacou "na defesa dos direitos dos segurados da Previdência Social, auxiliando indivíduos e empresas na busca por benefícios previdenciários e na solução de questões administrativas e judiciais". O perfil afirma ainda que ele tem experiência na defesa dos interesses de clientes junto a órgãos da administração pública.
O pai dele foi preso na fase anterior da operação. A suspeita da PF é de que o seu escritório tenha intermediado propinas pagas pelo "Careca do INSS". Segundo dados obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, o empreendimento movimentou cerca de R$ 12 milhões pouco tempo após ser aberto.
Operação Sem Desconto
A Operação Sem Desconto apura um esquema de descontos indevidos em aposentadorias do INSS, realizados por associações sem o consentimento dos beneficiários. Os valores arrecadados abasteceriam os cofres dessas entidades e teriam sido desviados para os líderes do esquema e outros investigados.
A nova fase da operação foi autorizada pelo ministro do STF André Mendonça e cumpre 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão no Distrito Federal, São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão. Os crimes investigados incluem inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário e dilapidação patrimonial.