Ministro da Previdência diz que desconhecia envolvimento do ‘número 2’ em fraudes do INSS: “Governo não protege ninguém"
Secretário-executivo da pasta, Adroaldo Portal, foi preso nesta quinta-feira, 18, em nova fase de operação contra fraude no INSS
Após prisão do "número 2" do Ministério da Previdência Social em nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e Controladoria-Geral da União (CGU), o ministro Wolney Queiroz afirma que não sabia do envolvimento do secretário-executivo da pasta, Adroaldo Portal, nas fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, dia 18, ele ainda reforçou que o "governo não protege ninguém".
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O ministro explicou que soube da nova fase da operação por volta de 7 horas da manhã e que agiu rapidamente. “Assim que tomamos conhecimento das medidas judiciais a respeito do nosso secretário, eu determinei imediatamente que ele fosse exonerado", afirmou.
Agora, o procurador-federal Felipe Cavalcante e Silva, atual consultor jurídico do ministério, foi convidado para ocupar o cargo de secretário-executivo e assume a função.
“Nós continuamos com a mesma determinação que nos trouxe até aqui e pela qual me comprometi com o presidente Lula", diz Wolney Queiroz. Segundo o ministro, Lula pediu para que contivessem a crise, cuidassem dos aposentados e estabelecessem uma integridade e governancia no ministério.
“É o que eu estou fazendo. Não há nenhum envolvimento do Ministério da Previdência Social nessa operação, tanto que não houve nenhuma busca ou apreensão aqui no Ministério. E nós seguimos nessa mesma toada de buscar os responsáveis. Esse governo não protege ninguém”.
A operação cumpriu um mandado de prisão domiciliar e afastamento de Adroaldo Portal. Ele é jornalista e já trabalhou no gabinete de Weverton Rocha, senador que também foi alvo da operação.
Em nota enviada ao Terra, o Ministério da Previdência Social confirmou que o ministro determinou a exoneração de Adroaldo: "O Ministério da Previdência Social e o INSS permanecerão contribuindo ativamente com as investigações e atuando para recuperar os recursos desviados por esse esquema que começou no governo anterior, mas foi interrompido neste governo".
Mais sobre a operação
Um dos principais alvos da nova fase da operação deflagrada na manhã detsa quinta foi o senador Weverton Rocha (PDT-MA). Ele é suspeito de ter realizado negócios com alvos investigados pelos desvios, segundo o Estadão. A polícia cumpre mandado de busca e apreensão na residência do senador.
Romeu Carvalho Antunes, filho mais velho e sócio do empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", é outro alvo e foi preso na operação. De acordo com o jornal, além de ter relação societária, ele tinha autorização para movimentar as contas de uma das empresas do pai que é suspeita de envolvimento nas fraudes em aposentadorias. O "Careca do INSS" está preso desde setembro.
O advogado Éric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis, é outro alvo de buscas.
A Operação Sem Desconto investiga um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Nesta quinta-feira, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As ordens judiciais são cumpridas nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.
Segundo a PF, as ações desta nova fase buscam "aprofundar as investigações da Operação Sem Desconto e esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial".
O Terra busca contato com a defesa dos outros citados na matéria. O espaço segue aberto para posicionamentos.