PUBLICIDADE

Julgamento do Mensalão

Manifestante é detido em protesto contra reabertura de julgamento

18 set 2013 - 20h26
(atualizado às 22h15)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Um homem foi preso durante o protesto</p>
Um homem foi preso durante o protesto
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Uma pessoa foi detida por desacato à autoridade durante protesto contra os embargos infringentes na Ação Penal 470, o processo do mensalão. A Polícia Militar não revelou o nome do rapaz. Os manifestantes se reuniram nesta quarta-feira em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) para o protesto. O grupo tinha cerca de 100 pessoas quando os ministros iniciaram a sessão para análise sobre a validade dos recursos que permitem a reabertura do julgamento de 12 réus condenados na ação penal.

Confira o placar do julgamento voto a voto

Conheça o destino dos réus do mensalão

Saiba o que ocorreu no julgamento dia a dia

Mensalãopédia: conheça os personagens citados no julgamento

Mensalão Kombat: veja as 'batalhas' entre Barbosa e Lewandowski

<p>Pizzas foram jogadas contra estátua da Justiça</p>
Pizzas foram jogadas contra estátua da Justiça
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Ao longo da tarde, o número caiu para 50 participantes, segundo o sargento Damião Quezado, da assessoria de comunicação da Polícia Militar do Distrito Federal. Além do aumento do efetivo de seguranças do STF, a área em volta do prédio foi cercada com grades de proteção, inclusive a Estátua da Justiça.

Policiais Militares e do batalhão de trânsito também monitoraram o protesto. Alguns manifestantes conseguiram romper uma das barreiras montadas, mas não conseguiram acessar o prédio. O grupo levou faixas, cartazes e máscaras para protestar. 

<p>PM usou gás de pimenta contra manifestantes</p>
PM usou gás de pimenta contra manifestantes
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Depois que o ministro Celso de Mello votou a favor dos recursos, alguns manifestantes atiraram pedaços de pizza contra o prédio e correram em direção ao Palácio do Planalto, derrubando as grades de proteção. Houve tumulto com a polícia, que usou spray de pimenta para conter o grupo. Uma pessoa foi detida por desacato à autoridade. Após a confusão, os manifestantes se dirigiram ao acampamento em frente ao Congresso Nacional. 

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão.

Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses). A Suprema Corte ainda precisa publicar o acórdão do processo e julgar os recursos que devem ser impetrados pelas defesas dos réus. Só depois de transitado em julgado os condenados devem ser presos.

Agência Brasil Agência Brasil
Compartilhar
Publicidade
Publicidade