Gleisi fala em 'crise institucional' se Câmara pautar anistia e chama deputados de 'desavisados'
Ministra de Relações Institucionais disse confiar na palavra do presidente da Câmara, Hugo Motta, de que o projeto não irá à votação
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou nesta quinta-feira, 10, como "desavisados" os deputados que assinaram o pedido de urgência ao projeto que anistia os envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro. Segundo a ministra, o Congresso Nacional pode discutir a redução de penas aos civis condenados, mas afirmou que uma anistia geral beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros militares.
"Confio muito na palavra do Hugo Motta de que esse projeto não irá a voto, até porque se for cria uma crise institucional, como ele mesmo disse", afirmou a ministra, em entrevista depois de participar de reunião no Palácio da Alvorada para a escolha de Pedro Lucas Fernandes (MA) como novo ministro das Comunicações.
"Eu acho que essas assinaturas que alguns parlamentares estão fazendo, dos partidos, têm muitos que estão desavisados sobre o conteúdo do projeto. Querem realmente uma mediação com aquelas penas para aqueles que participaram dos atos de 8 de Janeiro, mas o projeto que está lá é um projeto que dá anistia ao Bolsonaro e aos generais, isso não está explicitado", disse Gleisi.
"Está faltando esclarecimento sobre isso. Falar sobre anistia ou mediação de pena em relação a algumas pessoas do 8 de Janeiro eu acho que é defensável do ponto de vista de alguns parlamentares. Acho que a gente até pode fazer essa discussão no Congresso. Mas o que está ali é os responsáveis. Isso não pode acontecer jamais."
Quase 100 deputados da base aliada do governo são favoráveis ao perdão aos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro, de acordo com o Placar da Anistia do Estadão. Grande parte deles integra siglas do Centrão e está alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em publicação no X (antigo Twitter), Gleisi afirmou que "ao exigir 'anistia ampla, geral e irrestrita', o réu Jair Bolsonaro deixou cair a máscara". "É para deixá-lo impune, junto com os comandantes do golpe", escreveu.
Ao exigir "anistia ampla, geral e irrestrita", o réu Jair Bolsonaro deixou cair a máscara. É para deixá-lo impune, junto com os comandantes do golpe, que se prestam o projeto da anistia e seu substitutivo. É o que está escrito no texto e ele nao consegue mais esconder. Nunca foi…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) April 11, 2025
A ministra acrescentou que vê alguns parlamentares interessados em mediar as penas das pessoas que participaram dos atos, que vêm sendo consideradas rigorosas por parte da sociedade. Contudo, destacou que o texto que pode ser levado a votação é "um projeto que dá anistia ao Bolsonaro e aos generais".
"Nunca foi para o pipoqueiro, o sorveteiro nem a moça do batom. É para afrontar o Judiciário que Bolsonaro quer anistia prévia, antes de ser julgado. E quer que os deputados se prestem a esse papel, jogando o País numa crise institucional", completou a ministra na publicação no X.