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Política

Evangélicos e caminhoneiros intensificam convocação para 7/9

Análise da consultoria AP Exata mostra que porcentual de menções aos grupos é o maior do que em outras manifestações pró-Bolsonaro

1 set 2021 - 17h35
(atualizado às 17h48)
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Na semana que antecede as manifestações previstas para o 7 de setembro, evangélicos e caminhoneiros intensificaram a convocação para os atos favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro. Relatório da consultoria AP Exata mostra que esses grupos chegaram a 16,7% e 10,5% das menções relacionadas ao evento no Twitter, o maior patamar entre outras duas mobilizações recentes do governo.

Na semana passada, 15 dias antes da manifestação, a participação dos evangélicos era de 6,9%, e a dos caminhoneiros, de 7,8%. Ou seja, a relevância do debate em torno do núcleo "cristão conservador" mais do que dobrou na rede de uma semana para outra. Esse movimento também foi observado na categoria dos motoristas, ainda que em menor grau.

Ambos os porcentuais estão acima daqueles registrados em outras duas manifestações anteriores: a que defendeu a aprovação da "PEC do voto impresso" em 1º de agosto, e o protesto contra medidas de restrição contra a covid-19, em 14 de março. Nesses dois momentos, o porcentual máximo de menções aos caminhoneiros foi de 8%, e aos evangélicos, 5,9%, sete dias antes dos eventos.

Manifestação de caminhoneiros, em Curitiba. 26/5/2019. REUTERS/Rodolfo Buhrer
Manifestação de caminhoneiros, em Curitiba. 26/5/2019. REUTERS/Rodolfo Buhrer
Foto: Reuters

O relatório sustenta que a mobilização dos caminhoneiros para o próximo dia 7 teve um incremento a partir do episódio do cantor sertanejo Sérgio Reis, mas a categoria permanece dividida, o que reduz a possibilidade de um movimento amplo de paralisação. Lideranças da categoria negaram a greve em agosto, quando o caso veio à tona.

Já o debate entre evangélicos cresceu a partir de um "movimento coordenado de pastores, sobretudo neopentecostais, que têm conclamado os fiéis a participarem dos protestos", aponta o levantamento. Um de seus expoentes, o pastor Silas Malafaia, está entre os escalados para discursar em carros de som na manifestação pró-Bolsonaro.

A entrada mais ativa desses dois grupos pode aumentar o número de manifestantes nas ruas no dia 7 de setembro, redesenhando a aliança que elegeu Bolsonaro em 2018 para agora contrapor a queda de popularidade do governo e o cenário eleitoral adverso.

Atualmente, porém, o volume de postagens no Twitter relacionadas ao ato no Dia da Independência é semelhante ao da manifestação em favor da "PEC do voto impresso", ocorrida em 1º de agosto, antes da rejeição da proposta na Câmara dos Deputados.

'Bolha bolsonarista'

Para Mariana Pereira, diretora da AP Exata, esses indicadores apontam que Bolsonaro "fala para convertidos" com o objetivo de levar mais gente para as ruas, mas falta apelo para as pautas romperem a chamada "bolha bolsonarista".

"Essas menções estão muito restritas aos grupos de apoio ao Bolsonaro", ela avalia. "Você não vê saindo dessa bolha e indo para outros. Fica mesmo em grupos mais conservadores, de evangélicos, da militância."

Em um cenário inverso ao dos evangélicos, as conversas no Twitter sobre as Forças Armadas perderam espaço, mas ainda respondem por 36,4%, mesmo patamar dos policiais militares. Essas foram as quatro categorias analisadas pela consultoria. Outro grupo mobilizado para o 7 de setembro, os ruralistas não aparecem no conjunto de dados.

Pela análise da AP Exata, houve um afastamento da ideia de que as instituições militares poderiam colaborar com um ato extremo em favor de Bolsonaro — como invasões ao Congresso ou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Mas as convocações de oficiais da ativa e da reserva para os atos preocupam os governadores, como mostrou o Estadão.

O relatório incluiu 1,1 milhão de postagens no Twitter, por meio de uma coleta automatizada entre 7 e 14 dias antes das três últimas manifestações a favor do governo. A convocação para os atos também ocorre em outras redes sociais, como Facebook e Instagram, e aplicativos de mensagem, como WhatsApp e Telegram.

Estadão
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