SP: amigos são únicos a reclamar corpos de família morta em Ferraz
Madrinha de uma das crianças mortas tentou liberar os corpos, mas não conseguiu por falta de documentação
Os corpos das cinco pessoas da mesma família - da mãe e de quatro filhos - encontrados na madrugada desta terça-feira, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, vão permanecer pelo menos até quarta-feira no Instituto Médico Legal (IML) de Suzano, também na região metropolitana da capital paulista. Após a realização da necropsia, encerrada às 15h, apenas uma família de amigos compareceu ao local, mas não pode fazer a liberação, já que não possuía os documentos necessários.
O caminhoneiro José Policarpo, 54 anos, contou que a sua enteada, Vanessa, é madrinha de uma das crianças que foi encontrada morta. Segundo ele, sua família é amiga da mãe das crianças - Diná Vieira da Silva, 42 anos, também encontrada morta - há cerca de 10 anos.
"Ficamos sabendo das mortes pela reportagem. Minha filha, de 13 anos, ligou chorando para contar. Eu estava dirigindo o caminhão nessa hora. Foi um susto muito grande", diz ele.
Segundo Policarpo, a menina mais nova, de 7 anos, passava longas temporadas em sua casa. "Éramos muito próximos da família", diz.
De acordo com ele, o relacionamento de Diná com o namorado, o boliviano Alex, era um pouco conturbado. No período em que permaneceram juntos, foram registrados pelo menos três boletins de ocorrência por agressão. "Não sei exatamente o que acontecia. O que eu sei é que ele bebia bastante", disse.
Ele conta que é difícil assimilar a morte de todos. "A gente não sabe o que está acontecendo. Agora, só restou o cachorro dela na minha casa. Quero ver se consigo enterrar eles". Policarpo diz que os pais de Diná são falecidos e que ela teria um filho mais velho que viveria no Rio de Janeiro.
Necropsia
A necropsia do corpo dos cinco membros da família descartou que as vítimas tenham sofrido qualquer tipo de lesão corporal - inclusive sexual - antes de morrer. Porém, o trabalho, que durou cerca de 9 horas, foi inconclusivo. Somente o exame toxicológico, que será feito na Superintendência de Polícia Técnico-Científica, é capaz de identificar a substância que provocou a morte da família. O resultado dos exames - que incluem sangue, urina e parte das vísceras - deverá ser revelado nos próximos 20 dias.
O delegado Itagiba Franco, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), esteve no IML e conversou com o médico legista responsável pelo trabalho. Em seguida, ele se dirigiu para Ferraz de Vasconcelos, local em que ocorreu o crime. O caso será investigado pelas equipes do DHPP.
De acordo com a necropsia, a morte da cinco pessoas se deu em um intervalo próximo e ocorreu entre as 12h e 20h da última segunda-feira. Os corpos foram localizados por volta de 0h e não apresentavam sinais de decomposição.
Investigação
O homem que encontrou o corpo das vítimas é investigado pela Polícia Civil como suspeito do crime. Segundo informou ao Terra a Delegacia de Homicídios de Mogi das Cruzes, que iniciou as investigações do caso, o boliviano, que não teve o nome divulgado, é namorado da mãe das crianças, e teria visitado a companheira no último domingo.
Segundo a Polícia Civil, o homem prestou depoimento na manhã desta terça e permaneceu detido na cidade de Mogi das Cruzes. Alimentos consumidos pelas vítimas foram encaminhados para a perícia, que aguarda o laudo para comprovar a possibilidade de que tenha havido envenenamento.