O que se sabe sobre megaoperação mais letal do Rio de Janeiro
Com 2,5 mil agentes nos complexos do Alemão e da Penha, ação mira lideranças do Comando Vermelho
A megaoperação "Contenção" no Rio de Janeiro mobilizou 2,5 mil agentes para conter o avanço do Comando Vermelho, resultando em 64 mortes, 81 prisões e apreensão de armas e drogas, gerando debates entre governo estadual e federal.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira, 28, a maior operação das forças de segurança dos últimos 15 anos, batizada de Operação Contenção. Até as 17h, foram confirmadas 64 mortes, entre elas quatro policiais. Segundo o balanço parcial do governo, 81 suspeitos foram presos, 72 fuzis apreendidos e há grande quantidade de drogas ainda em contabilização.
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A ofensiva mobiliza mais de 2,5 mil policiais civis e militares nos complexos do Alemão e da Penha, com o objetivo de capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho (CV).
Deflagrada após um ano de investigações e 60 dias de planejamento, a operação cumpre centenas de mandados de prisão e busca e apreensão expedidos pela Justiça com base em inquéritos da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A ação conta com o apoio do Ministério Público Estadual e segue protocolos determinados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADPF 635, incluindo o uso de câmeras corporais e ambulâncias de prontidão nas áreas de conflito, conforme o governo do Estado.
Participam da operação policiais do Comando de Operações Especiais (COE), de batalhões da capital e da Região Metropolitana, além da CORE e de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil. O aparato tecnológico inclui dois helicópteros, 32 blindados, drones e 12 veículos de demolição, além de ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.
"Estamos atuando com força máxima e de forma integrada para deixar claro que quem exerce o poder é o Estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem, trabalhadores", afirmou o governador Cláudio Castro, em entrevista no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
Ele classificou a ofensiva como uma resposta ao "narcoterrorismo" e destacou que os criminosos "estão usando tecnologia de guerra: drones, bombas e armamentos pesados. Mas o Estado está preparado".
Vias importantes estão com interdições intermitentes ao longo desta tarde, em diferentes trechos. No comunicado do COR-Rio, às 17h07, são elas:
- Av. Paulo de Frontin interditada, na altura da Rua do Bispo, sentido Centro;
- Praça Marechal Hermes, na altura do INCA, no Santo Cristo;
- Linha Vermelha, sentido Baixada, na altura da Maré;
- Avenida Pastor Martin Luther King Junior, no Engenho da Rainha
- Rua Barão do Bom Retiro, próximo à Rua Araújo Leitão, no Engenho Novo
- Avenida Brasil, ambos os sentidos, em Benfica
- Avenida Vinte de Janeiro, altura do Aeroporto Internacional, no Galeão
- Avenida Brasil, altura do Piscinão de Ramos, sentido Centro, na Maré
- Avenida Brasil, altura da saída da Ilha, sentido Centro, na Maré
- Linha Vermelha, sentido Baixada, na Pavuna
- Avenida Brasil, altura de Fazenda Botafogo, sentido Centro, em Barros Filho
- Estrada Adhemar Bebiano, no Engenho da Rainha
- Rua Dias da Cruz, altura da Rua Camarista Méier, no Méier
- Avenida Marechal Rondon, em São Francisco Xavier
- Estrada Miguel Salazar Mendes de Morais, na Taquara
- Estrada do Itararé, em Ramos
- Avenida Itaóca, em Inhaúma
- Avenida Chrisóstomo Pimentel de Oliveira, em Anchieta
- Avenida Brasil, altura do viaduto de Deodoro, sentido Centro, em Deodoro
- Avenida Brasil, pista lateral, altura do BRT Guadalupe, sentido Zona Oeste, em Guadalupe
- Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, sentido Jacarepaguá, no Grajaú
Mais de 120 linhas de ônibus foram alteradas para a segurança dos passageiros também.
A Operação Contenção segue em andamento, e o balanço final com o número total de presos, armas e drogas apreendidas será divulgado ao término das ações.
Troca de farpas
O governador também pediu apoio nacional para o enfrentamento ao crime organizado. "Essa guerra não é só do Rio, é do Brasil. Nenhum Estado consegue vencer sozinho. Precisamos de um pacto nacional pela segurança pública", defendeu.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, se manifestou à tarde, afirmando acompanhar o caso à distância. "Lamentavelmente morreram agentes de segurança pública, e pior ainda, pessoas inocentes. Eu queria enfatizar que o combate à criminalidade se faz com planejamento, com inteligência, com coordenação das forças", disse. Ele ressaltou que "não recebeu nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro" sobre a operação.
